Os ridículos

    (*) Marli Gonçalves

    Caramba! Que semana! Entre espirros e contorcionismos de frios que não nos são habituais, vimos picuinhas misturadas com picanhas, Lula e suas abóboras, Jobim desfilando e desfiando um colar de pérolas do fundo do mar de bobagens, manobras políticas impressionantes, e um avião que some. Teve mais. Vambora engolir bitucas!

    Atchim! Não há saúde que aguente uma semana dessas. Um avião com 228 passageiros some no nosso espaço aéreo. Mas as matracas brasileiras de plantão não se contiveram e não pararam sequer um minuto de chutar e dar palpites e tentar adivinhar mais uma vez o que aconteceu. Aí a mancha de óleo queria dizer uma coisa, a cadeirinha outra. Não acharam nada. Misturaram bomba com avião, com Al-Qaeda, com o raio que o parta. O Jobim encheu o papo para “explicar”, afirmar e argumentar só bobagens, com PowerPoint, pompa e tudo. Dia seguinte: nada era do avião. Tudo lixo do oceano. Vão começar a desencantar Titanics. E ele “puf!!!!” – sumiu. Detalhe: ele é o nosso Ministro da Defesa. Acho muito melhor vê-lo segurando cobra, vestido de camuflagem, dando leite para onça. Socorro! Alguém nos ajude!

    Ou peçam para eles pararem de fumar e de beber antes de aparecer em público. Picanhas com picuinhas envolveram o agora odiado e bobo da corte Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. Ele rebola e embola os “s”e “erres” do seu carioquês de orla marítima, empertiga-se em seus coletes e manda bala! Vai acabar é – imaginem – saindo do governo e sendo obrigado a usar um outro indefectível e moderníssimo colete – à prova de balas de ruralistas. Na semana onde a discussão deveria ser séria, querem o pescocinho do bichinho, a picanha do Carlinhos. Fora que antes ele foi no papai Lula para reclamar dos amiguinhos de classe, ou melhor, de desclasse. Faltou falar que estava sendo beliscado. – “Olha ele, papai! Olhando feio para mim!”.

    Sinceramente, fale rápido o nome de um ministro que esteja valendo a pena! 1,2,3. Póimmmm, acabou seu tempo. Ah, entendi, a dificuldade começa quando a gente tenta enumerá-los. São um punhado, mais de TRINTA. E o tal índice de aprovação nos sufoca. Dilma se empertigando na fila. Collor beija mão de Dilma, que beija o Serra, que sai com Aécio. E muito hospital: essa semana teve a Roseana sendo operada emergencialmente seis meses depois, o Alencar lépido não deixando o Temer sentar na cadeira, e o vai-e-vem do Lula, perto daqui, mas longe do dizquediz. Porre de pré-sal. Deita falação vazia.

    No batuque, a oposição sambando igual coceira na mão dos matreiros, sendo feitos de pele de cuíca na CPI, com defesa armada e bem paga até os dentes, orientando manobras.

    Mas nesse mundo globalizado, sobra loucura. Viu o David Carradine? Morto, segundo a polícia de Bangcok por “acidente auto-erótico”? Encontrado dentro do armário do hotel, enforcado pelo próprio órgão, nessas de estrangulamento? Morte onânica? E triste, sozinho, com suas taras. Morto por si próprio. Coisa chata. Logo ele que povoou os nossos sonhos de equilíbrio mental, psíquico e físico como Kung-Fu?

    Pensam que acabou? Pois vai piorar e muito, Os Ridículos, bom nome para uma banda de bananas de pijama verde-e-amarelo. Imaginem quando começarmos a ter que ou a ver gente engolindo bitucas de cigarro! Glupppp! Já não bastará soprar bafômetro. Agora vai ter fumômetro. Ou Gasômetro! (Deus, medidor de gases tóxicos emitidos por pessoas, os MGTEPs!). Isso, somado com um monte de agentes secretos comprometidos social e sexualmente, dedurando fumantes ocultos, fotografando, filmando, chamando a Polícia. Vai dar tanta pancadaria, que cada vez menos penso em sair de casa. Soma-se mais um bom motivo para não ir para a rua enfrentar encrencas e encrenqueiros de plantão.

    Já não andaram falando até em jogo de futebol com uma torcida só?

    Vou me dedicar a pensar mais umas coisinhas que poderiam ser proibidas, pro mundo acabar logo em pancadaria. Perfume forte no elevador. Brilhantina no cabelo dentro do ônibus. Gente que fala no celular com alto falante e com aquele rádio fazendo BIP! A musiquinha chata do Caminho das Índias. Os e-mails edificantes poderiam ser proibidos sob risco de multa por encherem a caixa do computador. Vou tendo mais idéias. De jerico. Ou de papagaio de botinas, como as idéias dessa gente que me deixou até doente essa semana, e que sempre tem alguém para achar lindo. Cruz Credo!

    São Paulo, colorida pré-parada gay. Onde chega de tudo, em montinhos. Importação e exportação LGBT, que o S caiu, em 2009. Simpatizantes?

    Não pode mais.

    Marli Gonçalves, jornalista. Anda agora para lá e para cá com caneta e caderninho, para não esquecer de anotar detalhes desse mundo que parece programa de comédias, seriados de suspense. Para a gente fazer um tricô, um cachecol, para enforcar umas dessas biscas que acham que nos comandam.