Nomeações arranjadas escondem escândalos pessoais

edison_lobao_02-estadaoLaços de família
Na tarde de ontem, quando o Senado Federal ainda tergiversava sobre o escândalo dos atos secretos, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) respondeu da tribuna a uma pergunta formulada por um jornalista da “Folha de S. Paulo”. Queria saber o jornalista o motivo que levou um filho de João Carlos Zoghbi a ser nomeado para um cargo no Senado pelo gabinete do democrata goiano. Demóstenes explicou dizendo que o filho de Zoghbi, já afastado por conta da proibição de nepotismo, foi nomeado por seu gabinete a pedido do agora ministro Edison Lobão, de Minas e Energia, que alegou motivos pessoais. Acontece que a história não é tão simples como parece, se é que há coisas simples no mundo da confusão.

Como todo fio de novelo tem começo e fim, nada melhor do que explicações. Há alguns anos, Denise Zoghbi, mulher de João Carlos Zoghbi, era chefe-de-gabinete do senador Edison Lobão. Tudo ia muito bem, até que entrou no cenário a deputada federal Nice Lobão, esposa do ministro. Considerando que a lenda garante que a palavra final sempre é da mulher, Denise deixou o gabinete de Lobão e na sequência, sabe-se lá por qual motivo, João Carlos Zoghbi foi nomeado para a diretoria de Recursos Humanos do Senado. Incauto, porém “competente”, Zoghbi, mesmo com muitas coisas na cabeça, garantiu um emprego para o filho. Quando Edison Lobão se licenciou do Senado para integrar a equipe do presidente Lula da Silva, a saída foi emplacar o filho do diretor de RH no gabinete de um parlamentar amigo. E nesse imbróglio o senador Demóstenes Torres fez o papel de inocente útil.