Neto de Sarney comanda esquema de empréstimos consignados no Senado

Mar de lama
Ao lançar oficialmente na rede mundial de computadores o Portal de Transparência do Senado, o presidente da Casa, senador José Sarney (PMDB-AP), pensou que a tormenta política que o persegue amainaria. Mas não foi isso que aconteceu. Dois novos episódios romperam esta quinta-feira com força suficiente para deixar os malfadados atos secretos na pauta do dia. Neto do senador José Sarney, José Adriano Cordeiro Sarney é acusado pela Polícia Federal de comandar dentro do Senado um esquema de empréstimos consignados com desconto em folha, de acordo com reportagem do jornal “O Estado de S. Paulo”.

A investigação da PF mostra que a empresa Sarcris Consultoria, Serviços e Participações, de propriedade de José Adriano, tem autorização de seis instituições financeiras – entre elas o HSBC, Fibra, Daycoval e Caixa Econômica Federal – para operar com a tal modalidade de crédito. Tendo iniciado suas atividades em fevereiro de 2007, a Sarcris, segundo o neto do senador, tem faturamento anual inferior R$ 5 milhões. A PF trabalha com a hipótese de corrupção e tráfico de influência envolvendo o negócio de José Adriano Cordeiro Sarney, filho do deputado Sarney Filho (PV-MA).

Como se isso não bastasse, a viúva do ex-motorista de Sarney, Valéria Freire dos Santos, mora desde 2005 em um apartamento de uso exclusivo de senadores. A ocupação do imóvel foi autorizada pelo senador. Mas isso não é tudo. Por conta da sua viuvez, Valéria Freire foi contemplada com um emprego no Senado, cuja nomeação se deu por ato secreto. Para servir cafezinho no gabinete do senador, durante algumas horas do dia, a viúva recebe mensalmente R$ 2.313,30.

Quando o senador José Nery (Psol-PA) ocupou a tribuna do Senado, na última terça-feira, para afirmar que José Sarney não tinha condições morais para continuar na presidência da Mesa Diretora, muitos foram os que afirmaram ter sido um exagero discursivo. Mas a história de Sarney, aquela exaltada por Lula, tem feito de José Nery um visionário. No balanço geral desse turbilhão de denúncias, certo estava o presidente Lula da Silva, que disse que Sarney não é uma pessoa comum.