Bandeirantes

    (*) Arnaldo Jardim –

    Orgulho deste país chamado “São Paulo”. Com esse sentimento comemoramos mais um aniversário da Revolução Constitucionalista, em 9 de julho, o movimento revolucionário de 1932. Uma demonstração clara de que a nossa democracia não é um castelo de cartas, ela foi conquistada sob os olhares atentos da história, com muita luta, dedicação e heroísmo.

    O levante paulista contra a ditadura de Getúlio Vargas procurava garantir a volta dos direitos civis, através da promulgação de uma constituição resultante de um processo democrático. Quando se inicia o levante, uma multidão sai às ruas em apoio. Tropas paulistas são enviadas para os fronts em todo o Estado. Mas as tropas federais eram mais numerosas e bem equipadas. Aviões são usados para bombardear cidades do interior paulista. 40 mil paulistas enfrentaram um contingente de 100 mil soldados federais.

    Por falta de apoio de outros Estados, as fronteiras foram fechadas, não havia como adquirir armamento para o conflito, pois São Paulo se encontrava num grande cerco militar. Assim, muitos voluntários levaram suas próprias armas e engenheiros da Escola Politécnica do Estado (hoje, POLI) e do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) passaram a desenvolver armamentos a serem produzidos pelo próprio Estado para suprir as tropas.

    Mesmo com o apoio maciço da população, em três meses, o movimento constitucionalista sucumbiu. Porém, a derrota militar se transformou em vitória política, pois o término do conflito marcou o início do processo de redemocratização no País.

    Em 3 de maio de 1933, foram realizadas eleições para a Assembléia Nacional Constituinte, ocasião em que a mulher votou pela primeira vez no Brasil em eleições nacionais. Ao ver seu governo em risco, Getúlio Vargas dá início ao processo de reconstitucionalização do país, levando à promulgação em 1934 de uma Nova Constituição. Nesta eleição, graças à criação da Justiça Eleitoral, as fraudes deixaram de ser rotina nas eleições brasileiras.

    Na versão do governo, a revolução de 1932 não era necessária, pois as eleições já tinham data marcada para ocorrer. Segundo os paulistas, não teria havido redemocratização no Brasil, se não fosse o Movimento Constitucionalista.

    Para os paulistas, a Revolução transformou-se em símbolo máximo do Estado. A revolução é comemorada tanto na cidade de São Paulo como também no interior do estado, onde a destruição e as mortes provocadas pela rebelião ainda são recordadas nas regiões de fronteira, especialmente no Vale do Paraíba e na região mogiana.

    Apesar das perdas, essa foi uma derrota que ganhou tons de vitória. A deposição de armas, porém, não vergou a espinha dorsal de São Paulo, que direcionou seu espírito combativo para o empreendedorismo. Com uma economia antes restrita a cultura do café, o nosso Estado se tornou o maior e mais moderno pólo industrial do Brasil.

    Com uma população que passa dos 40 milhões de habitantes – 21% da população brasileira -, São Paulo se consolidou como a força motriz da economia nacional, respondendo por 33,9% de tudo que é produzido no País (PIB). Na agroindústria, os brasileiros que residem em São Paulo respondem por um terço do total produzido no País e consome 32,4% da energia elétrica gerada em todo território nacional.

    Mas, nem só de superlativos positivos vive o nosso Estado. Os desafios são comparáveis ao tamanho de sua importância, que convive com o fantasma da explosão demográfica e todos os problemas correlatos, como a escassez de empregos, de segurança, de educação e saúde. A melhor forma de equacionar tais problemas reside no desafio de promover um desenvolvimento sustentável e duradouro.

    Tarefa difícil, principalmente, em um momento de crise, como o que convivemos nos dias de hoje. Por isso, merece aplauso as iniciativas do Governador José Serra, que saiu a campo, apresentou suas armas para extirpar a inação ainda vigente em meio ao risco de uma espiral da crise.

    Primeiramente, lançou o Programa de Estímulo à Atividade Econômica que prevê desonerações tributárias e novos investimentos que totalizam R$ 20,6 bilhões, tem como meta preservar 858 mil empregos e “turbinar a demanda” da economia paulista. Serra, também, manteve os investimentos pesados na melhoria da infraestrutura, com o Pró-vicinais, a ampliação do Metrô e da EMTU, trecho sul do Rodoanel e etc.

    Desta maneira, apesar das poucas ferramentas de que dispõe, o governo estadual dá uma importante sinalização para o setor produtivo paulista e, consequentemente, todo o empresariado nacional. E São Paulo, por seu tamanho, pela importância econômica, para fazer jus a sua história aguerrida e empreendedora, não poderia se furtar de desempenhar um papel de vanguarda para aplacar os efeitos nocivos desta crise que afeta a todos nós e de guardiões da democracia. Espírito bandeirante!

    Deputado Arnaldo Jardim – vice-líder do PPS e membro da Comissão Espacial de Combate a Crise Global da Câmara Federal. ([email protected])