Uma certa Carmen

Musical conta a trajetória da cantora Carmen Miranda em homenagem ao centenário de seu nascimento

(*) Ana Carolina Castro

O diretor André Latorre entre as atrizes Lilian Grünwaldt (à direita) e Priscila Labronici
O diretos André Latorre entre as atrizes Lilian Grünwaldt (à direita) e Priscila Labronici
Em fevereiro deste ano, Carmen Miranda completaria 100 anos e, para homenagear a cantora que é referência na música popular brasileira, a Cia Instável de Teatro apresenta o musical “Uma certa Carmen: A vida trepidante de Carmen Miranda”.
O espetáculo, escrito por Ronaldo Ciambrone e dirigido por André Latorre, terá uma curta temporada no Teatro Ruth Escobar, em São Paulo. O musical recria a trajetória marcante de Carmen, apresentando ao público trechos biográficos e também as canções mais marcantes da carreira da cantora.
André Latorre, diretor do musical, comenta que a decisão de homenagear Carmen foi extremamente simples. “Sempre fui fascinado por musicais e grandes artistas do entretenimento mundial. Quando um jornal caiu em minhas mãos com a notícia das comemorações, imediatamente decidi montar este texto, principalmente por ter uma estrutura de texto teatral, e não de show, com músicas entre as cenas.” O texto, segundo ele é “alegre, parece que tem pressa de ser dito. É triste também, talvez pelo fato de tomarmos consciência de que já não temos Carmen entre nós”.
Carmen (Maria do Carmo Miranda da Cunha, na verdade) era uma portuguesa que veio com a família para o Brasil ainda pequena, e nunca mais retornou à terra natal. Aqui, trabalhou no rádio, no teatro de revista, na televisão e no cinema e tornou-se precursora do tropicalismo, movimento cultural brasileiro que surgiu no fim da década de 1960.
De vendedora de uma loja de chapéus no Rio de Janeiro a cantora de festivais e clubes, Carmen atingiu sucesso nacional e internacional e chegou a receber o maior salário pago a uma mulher nos EUA até então.
Denis Tannuri, porta-voz da Cia Instável de Teatro, afirma que o objetivo do musical, no entanto, é mostar a mulher por trás da estrela. “Queremos mostrar não só a personagem Carmen Miranda, mas também a mulher que ficou por trás desta imagem, que possuía muitos outros sonhos, angústias, frustrações e medos. Como qualquer outro mortal”, explica.
03-2Para isso, o espetáculo mostra duas personagens centrais, duas “Carmens”, interpretadas por Lilian Grünwaldt e Priscila Labronici. Uma delas narra a história em terceira pessoa, enquanto a outra é a verdadeira estrela, que interrompe o espetáculo para opinar sobre a própria biografia.
Tannuri interpreta David Sebastian, marido e empresário de Carmen. Um papel difícil, segundo ele, pois Sebastian era um empresário calculista, que incentivava a mulher a se automedicar e abusar de remédios para dormir, para se manter acordada e para combater a ansiedade, tudo em nome da carreira.
Mais do que mostrar o drama de uma celebridade, o musical gratuito“Uma certa Carmen” quer também democratizar o acesso, infelizmente tão restrito, ao teatro. “Nosso objetivo, além de homenageá-la, é de, ao oferecer a gratuidade do espetáculo, atingir uma população, que por diversos motivos, não pode ir ao teatro e permitir que essas pessoas possam aproveitar o que há de melhor na arte e cultura da nossa cidade”, diz Tannuri.
O espetáculo fica em cartaz até 29 de julho e pretende mostrar os muitos lados de Carmen: a cantora, a mulher, a irmã carinhosa, a empresária (no início de carreira) e a grande artista dos filmes de Hollywood. Uma artista plural e de incrível genialidade, que, segundo Latorre, poderia ser definida como “a única com ‘it’”.

“Uma certa Carmen – A vida trepidante de Carmen Miranda”
Teatro Ruth Escobar – Rua dos Ingleses, 209
Bela Vista – São Paulo
Telefone: 11 3289-2358
Duração: 90 min
De segunda a quarta-feira, às 21h
Classificação: 12 anos
Grátis (os ingressos devem ser retirados na bilheteria uma hora antes do espetáculo).