11 mortes

O número de vítimas fatais da gripe “A” cresce em proporções preocupantes, mas Temporão alega “tranquilidade” –

(*) Ana Carolina Castro

Nesta quinta-feira (16) o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, anunciou que a transmissão da gripe “A” no Brasil é sustentada, ou seja, o vírus circula de forma constante e ininterrupta no país.

Getty Images
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A informação preocupante é que, de acordo com o Ministério, além das pessoas que contraíram a doença no exterior e aquelas que tiveram contato com contaminados, criou-se uma nova categoria: a das pessoas que, sem vínculo nenhum com esses grupos, foram contagiados pela nova gripe. Além disso, o ministro confirmou que o número de mortes pela gripe “A” no Brasil chega a 11.
O primeiro caso de transmissão sustentada foi o do garoto que morreu no dia 30 de junho, em São Paulo. A confirmação da Secretaria de Saúde de São Paulo sobre a ausência de vínculos do menino com alguém vindo do exterior veio nesta quinta-feira (16).
Segundo Temporão, esse era um fenômeno esperado de transmissão, já que o Brasil é o oitavo país a confirmar a transmissão sustentada.
Das 11 mortes confirmadas, 3 foram anunciadas nesta quinta-feira nas cidades do Rio de Janeiro, Osasco e Uruguaiana.
O secretário municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Hans Dohmann, anunciou durante uma entrevista coletiva que a cidade registrou sua primeira morte causada pela gripe “A”, sendo a vítima era uma mulher de 37 anos que começou a apresentar os sintomas da gripe no dia 2 de julho. Segundo ele, ela foi internada em um hospital particular no dia 7, mas o quadro se agravou e a vítima faleceu no dia 14.
A Prefeitura de Osasco, na Grande São Paulo, informou que a cidade registrou uma morte por gripe “A”, mas ainda não deu à imprensa mais detalhes sobre o ocorrido.
Além disso, um caminhoneiro de 35 anos morreu durante a última madrugada, na Santa Casa de Uruguaiana (RS), em decorrência da nova gripe. A cidade, que fica na fronteira entre Brasil e Argentina, apresentou o terceiro caso confirmado no estado do Rio Grande do Sul. Segundo o secretário de Saúde da cidade, Luis Augusto Schneider, o exame foi feito pela Fiocruz e confirmou, na quarta-feira (8), que se tratava de um caso de gripe “A”.
Os números de mortes não param de subir e, assustadoramente, o índice de casos da nova gripe no país chega a 1175, segundo boletim do Ministério da Saúde divulgado na última quarta-feira (15). Desde a última sexta (10), foram detectados 148 novos casos de contaminação no país.
Apesar das informações alarmantes, Temporão assegurou que “o momento é um momento de tranquilidade”. A incoerência é tamanha que as recomendações do ministro são para que aqueles que apresentarem os sintomas da gripe procurem os postos de saúde ou seu médico de confiança, e não os centros de referências recomendados pelo próprio Ministério da Saúde.
Com 11 mortes confirmadas e sabendo que a transmissão da doença se dá de forma sustentada, é no mínimo estranho ouvir do ministro da saúde que o momento é de tranquilidade. Talvez quando a gripe vitimar algum poderoso figurão tupiniquim a preocupação do ministro aumente, já que, enquanto só os reles cidadãos forem afetados, a tranquilidade continuará reinando.