Corrida Maluca

    (*) Marli Gonçalves –

    Não tem jeito. Foi dada a largada da Corrida Maluca. Lembra do filme?

    Acabamos de entrar em ação nos estúdios. Ligar o motor e por as coisas para funcionar não é nada fácil pós-temporada enfrentamento de fim de ano. Começo de outro, cheio, pleno de aventuras, ideais, vontades, avaliações. A esta altura, claro, você também já descobriu que não foi o sorteado da mega-mega da virada e que vai ter mesmo de continuar se virando e muito. PUFF! O balãozinho daquele sonho de “o que faria” com tanto dinheiro explodiu, boom!

    Agora é lidar com a pista. Com as curvas e inesperadices. Nas retas a visibilidade é maior, mas nas curvas, escondido, pode estar o Dick Vigarista aprontando alguma, ao lado de algum cão tão fiel e tão sarcástico como o Mootley, o da risadinha safada.

    Quando tiver um tempo faça isso. Por curiosidade dei uma fuçada nas coisas do seriado animado de Hanna & Barbera, de 1968, A Corrida Maluca. Foi bárbaro.

    Comece pela lista dos dez carros competidores e seus pilotos. Não precisarei forçar para você lembrar imediatamente da outra comédia animada, a que assistiremos em 2010. Mas dá certo tanto transpor esses personagens para a sua vida pessoal, como para o que o que acontece na nossa vida pública.

    Por exemplo, no trabalho, na família, todo mundo tem a sua Penélope Charmosa. Isso se, no caso, não for você próprio (a). Só que quando transportamos para a Corrida Maluca Brasil a coisa fica muito feia, horrorosa. Vê-se como tudo é muito fake, falso; como cada detalhe daquele cabelo, daquela postura, daquela fala, do sumir e aparecer, é totalmente arranjado.

    Convenhamos ainda que a nossa “Penélope” conta com ajuda de vários outros corredores, como o Peter Perfeito, metido a galã, e a Quadrilha da Morte, com seus sete mini-gângsters. Sabe que tem um dos corredores que usa um serromóvel, um carro que passa por cima de qualquer coisa? Entre os mais mais tem o Carro Tanque do Exército, com seu comandante queixudo, o Sargento Bombarda, o Barão Vermelho, sua echarpe, seu avião, e o Cupê Mal-Assombrado, movido a dragão. Completa a parada os brucutus Irmãos Rocha, o Professor Aéreo e suas invenções, o matuto Thomás e o urso Chorão. Rufus guia o Serromóvel, ao lado de um castorzinho roedor do que pode ser roído.

    E lá estamos nós, na corrida com eles. No circuito: janeiro do verão, fevereiro do Carnaval, março de mais águas, abril da Páscoa e promessas, maio do Trabalho e da falação, junho da Copa, julho sempre esquisito; a falação de agosto, a falação de setembro, a falação boca-de-urna de outubro e… Segunda dose, em novembro. Dezembro… Ah, dezembro! Preciso eu te falar?

    Mas é isso aí. Prepare sua viatura, ponha energia, troque os pneus, avalie quais serão os seus pitstops. Estamos no meio de várias competições e sempre tem e terá alguém tentando te dar uma derrapada.

    Também vou tentar manter as esperanças de que alguma coisa mudou. Que aqueles barulhentos e psicodélicos fogos de artifício queimados às toneladas foram em prol de uma benzida geral em todo mundo. Que toda aquela água que caiu do céu era para purificar.

    Aliás, achei deveras interessante ouvir governantes dizerem que tragédias são culpa de… Governantes! -“Alguém precisa fazer alguma coisa”, o próprio, juro, falava. Aqui do lado de fora só nos resta rezar muito. Nada de entrar em pânico, amigos, porque duas usinas nucleares estão ali onde você acaba de saber que não há hospitais, ou estruturas de apoio. Nas próximas férias, nada de se preocupar com a estância que vai escolher, se está em local seguro, com o mínimo básico. E não se esquecer de fazer um bom curso de sobrevivência!

    Admito até que me rendi ao branco na passagem de ano. Calcinha cor de rosa. Li num lugar aí, da irmã do Gugu, que era a melhor para o meu dia de nascimento. (Teve quem foi instado até a usar o marrom. Tem coisa mais própria para o medo?).

    São Paulo, 2010, primeiros momentos da Corrida Maluca. Digamos, treino classificatório.

    (*) Marli Gonçalves, jornalista. Não espere o tiro do revólver para dar sua partida, mas fique bem atento ao retrovisor.

    Curiosidade: Na Corrida Maluca, com pouco mais de 30 episódios (foi até 1970), a Quadrilha da Morte, com seus mini-gângsters, foi a campeã, com quatro vitórias, mas empatando com o caipira, com a Penélope e com o galã. Só o Dick Vigarista não ganhou nunca, nenhuma. Dizem que no dia que ele ia ganhar, resolveu parar antes para fazer uma foto, dar uma entrevista. E se ferrou.

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