Déficit do FAT deixa ministro do Trabalho na berlinda

Tiro no pé

carlos_lupi_06O primeiro déficit operacional (diferença entre receitas, investimentos e despesas) do Fundo de Amparo ao Trabalhador, o FAT, desde a sua criação em 1992, foi registrado em 2009. Na quinta-feira (7), o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, tentou explicar, sem sucesso, os números negativos do FAT. “O fundo não existe para dar lucro, não é banco e tem um patrimônio de mais de R$ 140 bilhões. Como tivemos uma crise no ano passado, houve ampliação do pagamento do seguro desemprego e como tivemos um aumento do salário mínimo ao longo do ano, isso impacta nos valores pagos de abono salarial e seguro desemprego”, declarou o ministro. Em 2009, o total das receitas foi de R$ 35,019 bilhões, contra R$ 36,830 bilhões de investimentos e despesas. No ano anterior (2008), esses valores foram R$ 33,279 bilhões e R$ 30,927 bilhões, respectivamente.

Esse resultado inesperado deve estar sendo comemorado pelos partidos de oposição ao Palácio do Planalto, que autorizou Carlos Lupi a comprometer a chegada dos empresários ao comando da entidade, como prevê a regra. Até julho de 2009, quem comandava o FAT eram os trabalhadores, representados pela Força Sindical, presidida pelo deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) e ligada ao ministro do Trabalho. Na ocasião, as quatro maiores centrais patronais – Confederação Nacional da Indústria, Confederação Nacional da Agricultura, Confederação Nacional do Comércio e Confederação Nacional do Sistema Financeiro – decidiram deixar a escolha de um nome para a senadora Kátia Abreu (DEM-TO), presidente da CNA. Naquele momento, ficaram de fora das negociações a Confederação Nacional de Serviços (CNS) e a Confederação Nacional de Turismo (CNTur). Foi o suficiente para que o presidente da CNS, Luigi Nese, se candidatasse à presidente do conselho do FAT, com o apoio do ministro Carlos Lupi, que contou com o apoio do Palácio do Planalto.

A grande preocupação do setor patronal, na ocasião, era que parte do orçamento do FAT para 2010, estimado em R$ 43 bilhões, viesse a aterrissar no caixa 2 de candidatos ligados à base aliada, o que ainda é possível. Resumindo, foi uma ducha de água fria na soberba de Carlos Lupi, que desde a derrota imposta aos oposicionistas vinha cantando sonora vitória. Os que acompanham a política nacional que se preparem, pois a oposição ocupará as tribunas para tripudiar sobre a cabeça de Lupi.