Tendências petistas brigam por espaço no governo e na Mesa Diretora da Câmara

Irmão de Genoíno – A escolha do núcleo duro do novo governo do PT, no Palácio do Planalto, esconde uma briga interna do partido. A disputa por espaços reflete os interesses das tendências pelo poder, que chega também à Câmara dos Deputados. De um lado estão os deputados Cândido Vaccarezza (SP) e José Nobre Guimarães (CE) e na outra parte da trincheira, Arlindo Chinaglia (SP), João Paulo Cunha (SP) e, menor grau, o vice-presidente da Câmara, Marco Maia (RS). Além dos espaços na estrutura de governo, os grupos querem ter a hegemonia na presidência da Câmara Baixa e na liderança da bancada petista na nova legislatura.

Integrante da “Tendência Construindo um novo Brasil”, o deputado José Guimarães sai dos bastidores para tentar voos mais altos. Quer ser o novo líder da PT. Coordenador da bancada cearense, o irmão do deputado José Genoíno (SP) fechou uma dobradinha para levar Vaccarezza à presidência da Câmara. Líder do governo no último ano, Vaccarezza assumiu os caprichos do Palácio do Planalto sob o alto risco de desgaste político. Agora quer cobrar a fatura política.

Na “Tendência Mensagem”, espécie de guarda-chuva de outras facções, estão pessoas poderosas do núcleo da Dilma, hoje muito mais preocupada em diminuir os riscos de um confronto aberto da sigla petista. Nesse grupo estão o futuro ministro da Justiça, deputado José Eduardo Cardoso (SP), e o ministro da Educação, Fernando Haddad. Os dois ministérios são uma boa moeda de troca, capaz de empregar muita gente que poderia ficar sem teto a partir de janeiro de 2011.

Na última semana, um encontro reuniu os dirigentes que representam as correntes mais fortes do partido. Foi uma tentativa de diminuir os conflitos internos. A “Construindo um Novo Brasil” ocupa o “núcleo duro” do governo, mais próximos do presidente-metalúrgico Lula da Silva. Pertencem à ala, por exemplo, Gilberto Carvalho (chefe de gabinete), Luiz Dulci (Secretaria Geral) e Paulo Bernardo (Planejamento). Com exceção de Dulci, os dois últimos já têm espaço garantido na nova administração.

Participaram da reunião também a “Lutas e Massas”, “Movimento PT”, “Mensagem ao Partido”, “Esquerda Socialista” e “Articulação de Esquerda”. A “Tendência Movimento PT” possui outros nomes de destaque, como Marta Suplicy (SP), Maria do Rosário (RS) e Geraldo Magela (DF).

A “Democracia Socialista” nas eleições para a presidência do diretório nacional esteve ligada à chapa “Mensagem ao Partido”, criado pelo ex-prefeito de Porto Alegre Raul Pont. Naquela ocasião, apoiou o deputado José Eduardo Cardozo para a presidência da legenda. Tem ainda a facção “O Trabalho”, com José Carlos Miranda e Markus Sokol, e “Articulação de Esquerda”, com o ministro da Pesca e Aquicultura, Altemir Gregolim, e deputados federais Iran Barbosa e Iriny Lopes.