Promotora acusa governador de fazer manobra para proteger PM capixaba

Escândalo – Faltando apenas três dias para deixar o governo do Espírito Santo, o governador Paulo Hartung (PMDB) tem contra si mais uma denúncia. Ele estaria manobrando para evitar um escândalo que envolveria o comando geral da Polícia Militar, denunciado pelo coronel Júlio Cezar Costa. Hartung não quer que o Ministério Público Militar investigue indícios de superfaturamento, desvio de recursos públicos, falsidade documental e ideológica, além de uso de “caixa 2” para pagamento de despesas extra-oficiais.

O alvo principal do governador seria a promotora Karla Dias Sandoval, indicada para acompanhar o caso. Segundo o jornalista José Rabelo, do “Século Diário”, o recurso de lançar mão do tráfico de influências para ingerir nas decisões do Ministério Público, Poder Judiciário, Tribunal de Contas e da Assembleia Legislativa, além de “pautar” parte da imprensa capixaba, foi uma constante nestes oito anos do governo Hartung.

O coronel Júlio Cezar Costa levou as denúncias ao conhecimento da promotora na ocasião do depoimento que foi prestar ao MP em função das gravações (ilegais) do Ciodes, entre o militar e um capitão. Na conversa, o coronel pede que um advogado abordado em uma blitz seja liberado. Júlio Cezar exige a presença de um oficial no local para evitar que os policiais cometam excessos contra o advogado. Irritado com a demora, ele começa a dizer palavras de baixo calão contra a corporação. “Não é possível que essa merda dessa PM vá fazer bobagem (…)”, diz o coronel.

Parte das provas documentais apresentadas à promotora envolveria o atual comandante da PM, coronel Oberacy Emmerich Júnior. Outras comprometem também o futuro comandante da corporação, coronel Anselmo Lima – anunciado na última quarta-feira (22) pelo governador diplomado Renato Casagrande (PSB).

Karla Sandoval avisa que, se for tirada do caso, vai recorrer da decisão ao Conselho Nacional do Ministério Público. “O crime organizado que existe dentro da PM é aterrorizante e precisa ser apurado. O crime organizado não foi banido do nosso Estado. Ele continua presente”.