Previsão de crescimento da economia mundial aponta para maior número de catástrofes

Calvário anunciado – Ao final da fracassada COP 15, presidentes e chefes de Estado foram uníssonos ao revelar a decepção por conta da falta de entendimento na busca de uma política para o clima. O então presidente brasileiro Luiz Inácio da Silva, que desembarcou em Copenhague na condição de salvador do planeta, propôs antes do encerramento do encontro que os países ricos reduzissem a emissão de gases poluentes, permitindo às nações em desenvolvimento continuarem crescendo economicamente às custas de um reforço criminoso na desenfreada poluição da Terra.

Naquele momento ficou muito claro para quem decifrou os discursos nas entrelinhas que o planeta estava a um passo do caos, situação que piora a cada dia. As manifestações da natureza nos primeiros dias de 2011, no Brasil, evidenciaram que não há como abrir precedentes, por menores que sejam, quando o assunto é a salvação imediata do planeta, se é que isso ainda é possível.

Enquanto Lula discursava na capital da Dinamarca na condição de Messias da modernidade, o Brasil tinha suas ruas e avenidas invadidas por enxurradas de carros novos, reflexo da política adotada pelo governo de então para estimular alguns setores da economia nacional e evitar as consequências da crise financeira internacional. E nenhum centavo de Real advindo dessa lufada de negócios foi direcionado para minimizar os impactos nas cidades e principalmente na natureza.

Nesta quarta-feira (26), o Fundo Monetário Internacional anunciou que reviu para cima a previsão de crescimento da economia mundial em 2010. De acordo com o FMI, o crescimento da economia no ano passado deve atingir a marca de 3,9%, contrariando os 3,1% previstos em outubro. Segundo os especialistas do Fundo, a previsão de crescimento aumentou em especial para a principal economia mundial, ao dos Estados Unidos, que saltou de 1,5% previstos em outubro para 2,7%. Em relação à China, a economia deve apresentar índice de crescimento na casa dos 10%, contra os 9% previstos anteriormente.

A expectativa positiva do FMI pode ser considerada um alívio momentâneo para a economia mundial, mas sob outro prisma de análise deve ser interpretada como uma concreta ameaça à natureza. Afinal, o crescimento da economia mundial significa maior produção industrial e, consequentemente, aumento da emissão de gases poluentes. Tal cenário significa que catástrofes como a que aconteceu na serra fluminense serão mais comuns de agora em diante. Até porque, economia sustentável continua sendo mero objeto de retórica populista.