Enquanto Dilma não cede na negociação do salário mínimo, a petista Gleisi Hoffmann se cala

Nada feito – Dias antes de passar a faixa presidencial à companheira Dilma Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio da Silva frustrou as expectativas dos trabalhadores e editou Medida Provisória fixando em R$ 540 o valor do salário mínimo. Em vigor desde 1º de janeiro, o pífio aumento obrigou as centrais sindicais a pressionarem o Palácio do Planalto na tentativa de elevar o valor do mínimo para R$ 580.

Na quarta-feira (26), sindicalistas reuniram-se com o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, incumbido pela presidente Dilma Rousseff de negociar com os representantes da classe trabalhadora. Após longa conversa, os líderes sindicais deixaram a sede do governo com as mãos abanando. O máximo que ouviram de Gilberto carvalho é que o governo da neopetista concederá mais R$ de aumento, o que elevará o salário mínimo para R$ 545. Fora isso, o secretário da Presidência acenou com a possibilidade de reajuste da tabela do Imposto de Renda em 4,5%, índice fixado como centro da meta de inflação.

“Qualquer número diferente do acordo abre uma discussão infindável e você pode entrar em uma feira do imponderável. Uma concepção desse acordo foi uma vitória importante da classe trabalhadora. Espero que as centrais levem em contra toda essa questão do período e não só o imediatismo desse ano”, declarou Gilberto Carvalho.

Quando apresentou Dilma Rousseff aos eleitores, o embusteiro Lula disse que sua candidata era a única via para manter as conquistas dos últimos oito anos, entre elas o aumento real do salário mínimo. Com a herança maldita deixada por Luiz Inácio da Silva sobre a principal escrivaninha do Palácio do Planalto, a presidente Dilma terá de administrar a chiadeira dos trabalhadores e aposentados, pois, segundo Gilberto Carvalho, o governo não cometerá “irresponsabilidades fiscais”.

Diante do imbróglio que turbina a discussão sobre o salário mínimo, a senadora eleita e diplomada Gleisi Hoffmann, do PT do Paraná, trocou a euforia de 2010 por um obsequioso silêncio no ano que mal começou. No ano passado, Gleisi espalhou pelo Paraná alguns outdoors cumprimentado o então presidente Lula pelo aumento do salário mínimo. Agora, com o mínimo podendo chegar a míseros R$ 545, o que é um vexame, a senadora paranaense, que foi transformada em vidraça da companheira Dilma, saiu de cena e recolheu o discurso de meses passados. Provavelmente porque a Gleisi, que divide lençóis com o ministro Paulo Bernardo da Silva (Comunicações), está mais preocupada com o polpudo salário que receberá a partir de 1º de fevereiro, quando tomará posse no Senado Federal.

A repentina mudança de opinião de Gleisi Hoffmann mostra que esperar que um político exerça a coerência em algum momento da vida é algo tão insano e irresponsável quanto afirmar que o óleo se mistura à água ou vice-versa.