Fama leva Romário a ser criticado por algo que nove entre dez parlamentares fazem sempre

Pingos nos is – A primeira semana de trabalhos legislativos no Congresso Nacional terminou com a polêmica envolvendo o ex-jogador de futebol e agora deputado federal Romário de Souza Faria (PSB). Na última quinta-feira (3), Romário foi visto por volta das 17 horas na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, jogando futevôlei na praia, como faz regularmente. No mesmo instante, acontecia na Câmara dos Deputados uma sessão legislativa não ordinária.

A confusão que se formou em torno do ato de Romário precisa ser analisado com a devida imparcialidade, pois todos os políticos, sem exceção, devem ser tratados com isonomia. Romário não é o primeiro e muito menos o único a cometer tal transgressão. Registrar presença na Câmara nas primeiras horas úteis da quinta-feira e em seguida rumar para casa é prática comum no Legislativo federal. O assunto ganhou força e tamanho no caso de Romário por conta de sua notoriedade.

Nos últimos dez anos, o ucho.info vem insistindo para que a carga de trabalho dos políticos, em Brasília, seja acompanhada atentamente pelos brasileiros, pois dos 513 deputados que integram a Câmara, nem 10% são encontrados em seus gabinetes ou nas dependências da Casa depois do meio-dia das quintas-feiras. A justificativa apresentada pelos faltosos é que há assuntos a serem solucionados em suas respectivas bases eleitorais, mas não é exatamente isso o que acontece na extensa maioria dos casos.

Para se ter uma ideia da permissividade que reina na Câmara e no Senado Federal, por ocasião das festas juninas os trabalhos no Congresso Nacional são vergonhosamente reduzidos para que os parlamentares participem das folclóricas comemorações em seus redutos eleitorais, sendo que muitos ficam longe de Brasília por até duas semanas. E não há por parte da imprensa qualquer operação para conferir in loco se determinado político está tratando de assuntos relacionados ao mandato durante as festas juninas.

Entre os tantos absurdos que ocorrem no Legislativo federal, uma verba batizada de auxílio-moradia recheou os nossos veementes protestos nos últimos anos. Ao se recusarem a ocupar os espaçosos apartamentos funcionais, sob a desculpa de má conservação, muitos deputados passaram a engordar os contracheques em R$ 3 mil. Acontece que alguns, dotados de esperteza adicional, colocavam o dinheiro no bolso, pois ocupavam imóveis próprios em Brasília. Outros destinavam os R$ 3 mil para o pagamento das parcelas do financiamento de apartamentos adquiridos na capital dos brasileiros.

Quando o ucho.info noticiou o escândalo, alguns políticos nos procuraram alegando que estávamos atrapalhando um esquema de longa data. Acontece que o chamado auxílio-moradia serve para o parlamentar se hospedar na capital federal, mas não para garantir de imóveis particulares ou entupir os bolsos de espertalhões.

Voltando ao caso Romário, não se trata de defender o ex-jogador e querer minimizar o erro por ele cometido, mas de alertar o povo brasileiro sobre uma prática que é corriqueira e absolutamente conhecida por todos aqueles que frequentam o Congresso Nacional. Sendo assim, que entre em cena a teoria popular que garante que o “mesmo pau que bate em Chico, bate em Francisco”. (Foto: Cléber Júnior – Extra)