As frases mais absurdas no livro que resgata a história do Plano Real no Congresso

Mares bravios – O governo federal anuncia que apertará o cinto dos gastos públicos para controlar a inflação, que outra vez ameaça o bolso dos brasileiros. Em 1994, a situação era muito mais grave. Para se ter ideia, entre 1968 e 1998 o Brasil teve uma inflação de 970 trilhões por cento.

Há quase dezessete anos era lançado o Plano Real para frear o apetite do dragão da inflação, que não tinha sido domado nos planos Cruzado, Cruzadinho, Cruzado Dois, Bresser e Verão, com a política do feijão com arroz e com os dois planos Collor. O Plano Real foi elaborado originalmente em três fases, com a finalidade de garantir a estabilidade financeira e econômica.

A história do Real no Parlamento foi muito pouco documentada. Para cobrir essa falta de memória, o ex-senador Neuto Fausto de Conto lançou nesta semana o livro “O Milagre Real”. Ele foi o relator do plano e como parlamentar reuniu os principais discursos e propostas que permearam toda a discussão em torno da grave situação que o Brasil atravessava.

Além de contar essa história que no governo Lula da Silva tentou-se esconder, o livro traz preciosidades sobre números, declarações e frases. Entre elas aparecem as do ex-deputado federal José Serra. Em janeiro de 1993 ele afirmou de forma categórica: “A inflação é o maior problema do país. O segundo é a inflação e o terceiro também”.

À época cumprindo mandato de deputado federal, Delfim Netto disse que “o problema brasileiro não é econômico. O verdadeiro problema é político e administrativo”. Fernando Henrique Cardoso, o então ministro da Fazenda, observou que “nosso fantasma é uma peste, uma praga, o flagelo do povo: a inflação”.

A então deputada federal petista Maria Luíza Fontenelle disse, em 1994, que “O Plano congela salários e trata os trabalhadores brasileiros de uma forma degradante”. Ernesto Gradella, também na oposição radical foi mais agressivo: “A MP 482, que cria a URV, é mais um roubo contra o salário da classe trabalhadora”.

Aloizio Mercadante, também deputado federal em 1994, provou, felizmente, que estava equivocado. “O Plano Real não vai superar a crise do país”. Hoje no Ministério da Ciência e Tecnologia, o economista Mercadante não chegou ao Ministério da Fazenda no primeiro governo Lula da Silva e provou-se que suas teorias estavam erradas.