Para melhor limpar a polícia do Rio, PF deveria ouvir as denúncias de Alexandre Neto e Daniel Ponte

Chegou a hora – A Operação Guilhotina, da Polícia Federal, que prendeu 38 pessoas no Rio de Janeiro e flagrou policiais civis e militares fluminenses envolvidos com traficantes de drogas e milicianos, ganhou as manchetes e deixou perplexa a opinião pública. Reação normal e aceitável se o Brasil fosse um país minimamente sério. Como essa condição está a anos-luz de distância de nossa querida e confusa Botocúndia, o resultado da operação da PF não é novidade para quem acompanha o absurdo que marca o cotidiano de um país com problemas e dimensões continentais.

Não faz muito tempo, o ucho.info deu o devido e necessário destaque à ação covarde e criminosa a que foram submetidos os policiais Daniel Ponte e Alexandre Neto, dois destacadíssimos integrantes da Polícia Civil do Rio de Janeiro. Com registros históricos no currículo por conta de sua dedicação e bravura, Alexandre Neto foi alvo de uma emboscada quando saía de sua casa. Metralhado, Neto sobreviveu porque sua dedicação à corporação é muito maior do que a corrupção protagonizada por muitos.

Daniel Ponte, médico legista de retidão inatacável, foi arremessado ao descrédito apenas porque denunciou uma longa série de desmandos no Instituto Médico Legal do Rio de Janeiro. Sem que o governador do Rio, o falastrão Sérgio Cabral Filho, tomasse qualquer providência em relação ao caso, Daniel Ponte passou a viver como eterno foragido, solução encontrada para preservar a própria vida e principalmente a da mãe, uma idosa que mesclou coragem e amor no momento em que decidiu acompanhar o filho.

No rastro da Operação Guilhotina, a Polícia Civil fluminense decidiu investigar uma série de denúncias contra a corporação. As chances de o corporativismo prevalecer são grandes, mas a esperança, como diz a sabedoria popular, é a última que morre. Considerando que as autoridades do Rio preferem ignorar Alexandre Neto e Daniel Ponte, que a Polícia Federal dê voz a esses dois grandes policiais, pois certamente eles podem dar uma contribuição enorme para a assepsia que acaba de começar e que não deve ser privilégio do Rio de Janeiro, pois a corrupção grassa em todas as corporações policiais do País.