Salário mínimo defendido pelo Planalto derruba o slogan do governo Dilma Rousseff

Face lenhosa – O governo da presidente Dilma Rousseff dá como certa a aprovação, nesta quarta-feira (16), do novo valor do salário mínimo, fixado em R$ 545. A oposição, turbinada pelo discurso das centrais sindicais, empunha a bandeira dos R$ 560, enquanto o PSDB, que mantém a proposta feita por José Serra durante a recente campanha presidencial, defende o valor de R$ 600. De acordo com estudos realizados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o salário mínimo ideal deveria ser de R$ 2.227,53.

No período em que frequentou a oposição, de forma estridente é bom lembrar, o PT sempre usou os números do Dieese para dar sustentação às ruidosas reivindicações dos trabalhadores. Ocupando o poder central desde janeiro de 2003, o PT conseguiu a proeza de ser dois partidos em um só. De um lado estão os trabalhadores de fato, que buscam manter a política de valorização do salário mínimo acertada em 2006 com Luiz Inácio da Silva. Fazem da carestia do cotidiano o combustível para manter a tenacidade das reivindicações. Do outro lado estão os sempre genuflexos políticos petistas, que no Congresso Nacional não se incomodam em perder a coerência e rasgar o discurso do passado, o que abre caminho para cumprir as ordens disparadas pelo Palácio do Planalto. Esses, os cães amestrados de Dilma, fazem do fisiologismo barato a razão maior para a perpetuação da desfaçatez.

Ora, se na opinião dos atuais ocupantes do poder um salário de R$ 545 é suficiente para atender as necessidades básicas de 50 milhões de brasileiros – esse é o número de trabalhadores que recebem um salário mínimo – o melhor seria usar tal valor para remunerar, por escassos três meses, os ministros da área econômica do governo, a título de teste.

O que causa estranheza nessa história é o silêncio obsequioso adotado por alguns ministros, em especial os que estão instalados em pastas que tratam de assuntos sociais. Com um salário que vale 25% do mínimo ideal, o slogan utilizado pelo governo Lula da Silva – “Brasil, um país de todos” – é uma enorme mentira, enquanto o adotado por Dilma Rousseff – “País rico é país sem pobreza” – é uma afronta. Fora isso, qualquer tentativa de acabar com a insegurança pública no País não passa de exercício de retórica barata e mentirosa.