Briga no Democratas acaba no Twitter e Caiado acusa Bornhausen de se aliar ao Planalto

Raposa esperta – A situação dentro do Democratas é muito pior do que se possa imaginar. As divergências são tão grandes, que em alguns momentos a situação está mais para luta livre do que para um debate de ideias. Por conta desse clima, não é recomendável que se convide para o mesmo chá das cinco o deputado federal Ronaldo Caiado (GO) e o ex-senador Jorge Bornhausen (SC).

Caiado tem disparado torpedos contra o seu colega de partido no microblog que mantém no Twitter. Há instantes, o parlamentar foi direto: “Agora, Jorge Bornhausen, que sempre foi de se acomodar à sombra do poder, trabalha para entrar no governo do PT”. Pouco antes dessa postagem, Caiado já tinha acusado Bornhausen e Saulo Queiroz [tesoureiro do DEM e ex-deputado federal] de mudar o nome e “os rumos” do PFL, e “fracassaram, tentaram covardemente jogar a culpa em outros e saíram”.

As críticas de Ronaldo Caiado são por conta da provável mudança do governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo, para o PSD. Colombo é do grupo de Bornhausen e sua saída provocaria uma debandada geral no Democratas e que, por conta disso, não resistirá só com a governadora do Rio Grande do Norte, Rosalba Ciarlini.

A cúpula nacional do partido acredita que os catarinenses estão com um pé no PSD. José Agripino Maia (DEM-RN) e o ex-senador Marco Maciel (DEM-PE) almoçaram com o governador na última sexta-feira (15) para tentar convencê-lo a ficar no Democratas, mas deixaram o encontro sem essa garantia.

Bornhausen é uma legítima raposa da política brasileira e conhece o momento certo de mudar. Assim aconteceu quando deixou Paulo Maluf para apoiar Tancredo Neves no Colégio Eleitoral. Acabou ministro da Educação no decadente governo de José Sarney. É um oligarca no sentido literal. Seria um dos pioneiros na iniciativa de colocar parentes em representações partidárias. O princípio virou fim.

Segundo levantamento do site “Congresso em Foco”, onze dos 22 partidos com assento na Câmara têm ao menos metade de sua representação formada por deputados com familiares políticos. O quadro é de amplo predomínio em algumas das principais legendas do país, como o PMDB, o DEM e o PP, campeões no número de parlamentares com parentes na política entre as cinco maiores bancadas da Casa.

Dos 84 peemedebistas que assumiram mandato na Câmara este ano, 55 (65,5%) misturam vínculos políticos e familiares. Isso também ocorre com 31 (63,3%) dos 49 integrantes do Democratas. E ainda com 29 (63%) dos 46 representantes do PP. O PSC, o PTB, o PR, o PSDB e os nanicos PHS, PRP, PRTB e PTC completam a relação dos partidos em que a prática de fazer política em família alcança pelo menos metade de seus nomes.