Prefeitura paulistana promete multas para proteger pedestres, mas desrespeito se estende às calçadas

Pela metade – Durante meses a fio, o ucho.info se dedicou a produzir e publicar matérias sobre o desrespeito dos motoristas em relação aos pedestres. Agora, no vácuo de uma ação populista do prefeito Gilberto Kassab, de São Paulo, que tenta emplacar o sucessor em 2012, a imprensa abre espaço para um tema que sempre mereceu a nossa insistente atenção. A prefeitura paulistana já repintou 4.245 faixas de pedestres, sendo que muitas serão iluminadas. E as autoridades prometem aplicar multas de R$ 191 aos motoristas que desrespeitarem os transeuntes. O que mostra que a consciência do cidadão está diretamente relacionada ao bolso.

Os problemas enfrentados pelos pedestres não estão apenas nas faixas de travessia, mas também e principalmente nas calçadas, que por omissão do poder público em boa parte da capital paulista se transformaram em propriedades privadas. Os principais invasores do passeio público são os bares e restaurantes, que no local esparramam mesas e cadeiras, obrigando os pedestres muitas vezes a circularem por ruas e avenidas, arriscando a própria vida. Reclamar as autoridades pouco adianta, pois os fiscais municipais se deixam corromper e fecham os olhos.

Nos Jardins, região nobre da cidade de São Paulo, o Grupo Pão de Açúcar, comandado pelo empresário Abílio Diniz, faz da calçada uma espécie de pátio de distribuição de produtos. E quem quiser passar que divida o espaço com carrinhos, mercadorias e funcionários arrogantes ou, então, se arrisca a circular entre os carros. Sempre lembrando que Abílio Diniz, durante a era Lula, integrou o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. Como se fosse pouco, muitos motoristas ignoram os direitos dos pedestres e fazem das calçadas verdadeiros estacionamentos particulares.

Essa operação deflagrada pela prefeitura de São Paulo, com o apoio da parte genuflexa da imprensa local, serve apenas para cabalar votos para as eleições municipais do próximo ano. E quem acreditar que a situação do pedestre mudará por conta disso é porque quer mesmo ser enganado.