Planalto aproveita renovação de acordo com o Paraguai para fazer propaganda de senadora petista

Aprovação providencial – A Secretaria de Comunicação do Palácio do Planalto se empenhou em divulgar a aprovação do acordo entre o Brasil e o Paraguai, que eleva para US$ 360 milhões o desembolso brasileiro com a energia excedente da Itaipu Binacional. Em menos de trinta minutos, três mensagens foram postadas no microblog Twitter. Sempre com destaque para a senadora petista Gleisi Hoffmann, esposa do ministro Paulo Bernardo da Silva (Planejamento), o “Blog do Planalto” publicou também matéria com o detalhamento do projeto logo após a aprovação pelo Senado, às 22h15 de quarta-feira (11).

O esforço midiático teve por objetivo ampliar o impacto favorável da visita da presidente Dilma Rousseff ao Paraguai no próximo domingo, dia 15de maio. A renovação do acordo que triplica o valor pago pelo Brasil anualmente era uma questão de honra para os palacianos, alinhados politicamente com o governo esquerdista do vizinho país.

Aprovado em regime de urgência na Comissão de Relações Exteriores na última semana, o projeto não foi referendado no mesmo dia por conta da implicância da oposição, que discorda do valor. A votação da matéria foi adiada duas vezes.

O resultado da votação no Senado Federal será transmitido pela própria presidente Dilma Rousseff ao governo do Paraguai, segundo informou a assessoria do Palácio do Planalto. Dilma quer se apresentar como uma chefe de governo eficiente, capaz e simpática no bicentenário paraguaio.

No texto postado no blog oficial não há sequer uma citação de senadores da própria base, muito menos observações de parlamentares da oposição. Entretanto, 25 senadores manifestaram-se em discursos sobre o tema. O texto jornalístico firma-se apenas nas declarações da senadora Gleisi e no seu relatório. “Ao término de seu discurso, senadora Gleisi Hoffmann foi aplaudida pelos colegas. Ela defendeu a importância do Brasil formalizar o acordo com o Paraguai”, destacou o Blog do Planalto.

Desde que chegou ao poder em 2008, o presidente do Paraguai, Fernando Lugo, criticou o valor que o Brasil pagava pela energia excedente de Itaipu, estabelecido pelo tratado que regula a usina, assinado em 1973. O tratado determina que Brasil e Paraguai têm direito, cada um, a 50% da energia gerada pela usina e que a energia não utilizada por um deve ser vendida ao outro.

Como o Paraguai satisfaz sua demanda com apenas 5% da energia de Itaipu, o resto é vendido ao Brasil, que até agora pagava por ela cerca de US$ 120 milhões. O acordo assinado em 2009 estabelece que esse pagamento será triplicado e contempla também a construção de uma linha de transmissão de 500 quilowatts entre Itaipu e Assunção, cujo custo foi avaliado em US$ 400 milhões.