Maranhão continua o estado mais miserável do Brasil, seguido do Piauí e de Alagoas

Política – Maranhão, Piauí e Alagoas, todos da região Nordeste, são os estados com os maiores percentuais de pessoas em situação de extrema pobreza. É o que informou o presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Eduardo Nunes, ao participar nesta terça-feira (17) do programa de rádio “Brasil em Pauta”, da “EBC Serviços”.

A situação não se inverteu desde setembro de 2003, quando a Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgou um ranking de miserabilidade das cidades brasileiras. O levantamento mostrou que as cidades com menor proporção de miseráveis estão no Rio Grande do Sul e, as com um maior número de famílias carentes, no Maranhão e no Piauí. Os Estados com mais miseráveis pelas contas da FGV são Maranhão, Alagoas, Piauí, Ceará e Bahia.

Em Alagoas e Maranhão a política está nas mãos há décadas de famílias tradicionais, todas aliadas do governo Lula da Silva e de agora de Dilma Rousseff. Os Sarney mandam no território maranhense há quase 50 anos. Em Alagoas, coronéis das famílias Calheiros, Collor de Mello e Palmeira. A causa de toda a miséria pode não suas raízes somente no coronelismo, mas a prática continua forte no Nordeste.

O professor em história Alberto Saldanha, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), te certeza que “a condição tradicional de pouco desenvolvimento econômico e social do estado alimenta toda essa reprodução de famílias na política”. Em declaração dada em abril ao “Congresso em Foco”, Saldanha disse que os praticantes do “coronelismo moderno” mantêm práticas políticas semelhantes às adotadas no passado pelas velhas oligarquias e fazem da tradição familiar uma maneira de não perder privilégios.

No levantamento do IBGE divulgado pelo presidente do órgão, o Maranhão apresenta o maior percentual, mais de 24% da população do estado ganham até R$ 70 por mês, conforme linha da pobreza extrema estipulada pelo governo federal. No Piauí, o percentual é superior a 21% e, em Alagoas, 20,4%. Já a Bahia tem o maior número absoluto de miseráveis, mais de 2,4 milhões de pessoas – o que corresponde a 17% da população do estado.

Em todo o Brasil, 16,2 milhões de brasileiros encontram-se na miséria, o equivalente a 8,5 % da população do país. Quase 60% deles estão no Nordeste (cerca de 9,6 milhões). A maioria é preta ou parda e tem até 19 anos de idade. Esse será o público do Plano Brasil sem Miséria, a ser lançado pela presidenta Dilma Rousseff, que pretende acabar com a extrema pobreza até 2014.

“Em um país tão rico como o Brasil ainda não podemos encontrar 8% da população vivendo em extrema pobreza”, afirmou o presidente do IBGE, Eduardo Nunes.

No programa de rádio, Nunes ressaltou que o Censo 2010 constatou que as cidades de médio porte têm apresentado ritmo de crescimento maior que as grandes metrópoles. Segundo ele, o crescimento está relacionado à oferta de oportunidades de emprego e estudo para os jovens, além do custo de vida mais baixo.