Pirotécnica prisão de Pimenta Neves serviu para o governo de SP camuflar a insegurança pública

Cortina de fumaça – O pífio espetáculo midiático que marcou a prisão do jornalista Antônio Pimenta Neves, ex-diretor de redação do jornal “O Estado de S. Paulo”, serviu para que alguns policiais repetissem o que muitos já estão cansados de assistir. Um misto de vaidade com autopromoção, binômio que é diariamente alimentado pelos programas policialescos da televisão brasileira.

Condenado a quinze anos de prisão pelo assassinato da também jornalista Sandra Gomide, em agosto de 2000, Pimenta Neves não ofereceu qualquer resistência diante da presença de delegados e policiais, o que fez desnecessária a pirotécnica operação para prendê-lo.

A ação serviu para abafar a dificuldade que a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo tem para enfrentar o crime organizado, que tem feito da capital paulista uma terra sem lei. O Palácio dos Bandeirantes tem feito o devido alarde para anunciar a queda no número de homicídios, mas isso só se deu porque os criminosos estão se profissionalizando cada vez mais e optando por crimes cujas condenações não são tão longas, o que permite que os meliantes voltem às ruas com mais celeridade.

Enquanto autoridades do governo do mais rico e importante estado brasileiro se deixam levar pelas estatísticas oficiais, os criminosos têm se dedicado ao roubo de caixas eletrônicos, com direito ao uso de doses superdimensionadas de dinamite, o que em algum momento mandará pelos ares quarteirões inteiros e matando dezenas de pessoas. Fora isso, os bandidos, que migraram para outras práticas criminosas, passaram a roubar à luz do dia táxis e motocicletas de luxo em importantes vias da cidade de São Paulo.

Como se não bastasse, repousa em alguns departamentos da Secretaria de Segurança Pública alguns intrincados casos de roubos a residências, de onde os assaltantes levaram verdadeiras fortunas em jóias, relógios e dinheiro. O principal receptador – conhecido joalheiro da Pauliceia Desvairada e anunciante contumaz das revistas semanais – está na mira do FBI, mas a polícia paulista ainda patina diante da possibilidade de prendê-lo.