Depois da repercussão internacional, governo federal anuncia que investigará morte de camponeses

Lista de jurados – Finalmente, depois de quatro assassinatos e uma tentativa de morte em menos de uma semana, o governo federal resolveu agir timidamente para reduzir a violência no campo. A letargia para solucionar os graves problemas da grilagem, expulsão de camponeses e irregularidades na exploração ambiental na Amazônia Legal também acontece no Congresso Nacional, mas nem tudo está perdido quando ainda há esperança e a imprensa para denunciar.

Na próxima quarta-feira (1), a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados deverá votar requerimento que pede a criação de um grupo de trabalho para acompanhar as investigações do assassinato dos líderes extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo, ocorrido na semana passada, no Pará.

No Palácio do Planalto foram anunciadas nesta segunda-feira (30) algumas medidas para conter os conflitos agrários na região Norte. Entre elas, a criação de um mecanismo para proteção física de cerca de 125 nomes marcados para morrer. A relação foi elaborada pela Comissão Pastoral da Terra. Na relação está Nilcilene Miguel de Lima, agricultora familiar, assentada pelo Iincra e presidente da Associação “Deus Proverá” de agricultores familiares do sul de Lábrea, Amazonas. Os interessados na sua morte seriam madereiros que atuam na região.

Nesta terça-feira (31), representantes da Comissão Pastoral da Terra se reúnem com a ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário. O objetivo, segundo a assessoria da CPT, é discutir medidas de proteção aos trabalhadores rurais que já receberam ameaças de morte.

No site da entidade, informa-se que na sexta-feira (27) também houve uma tentativa de assassinato contra o sindicalista Almirandi Pereira, vice-presidente da Associação Quilombola do Charco, de São Vicente Ferrer (MA). Almirandi estava em casa quando três tiros foram disparados. Felizmente nenhum projétil o atingiu.

Na mesma sexta-feira, foi morto Adelino Ramos, o Dinho, sobrevivente do massacre de Corumbiara. Ele morreu na manhã da última sexta-feira (27), no distrito Ponta de Abunã, em Rondônia.

O casal de extrativistas, vinte dias antes de ser morto a tiros, enviou um documento ao Ministério Público Federal (MPF) de Marabá denunciando o envolvimento de três madeireiras da região em crimes ambientais.

O deputado federal Arnaldo Jordy (PPS-PA) disse que crimes como este não podem ser aceitos como uma “coisa banal”. “O Pará, há anos, é campeão nacional de mortes em conflitos por disputa de terra, envolvendo interesses econômicos vinculados a ativos da natureza. Queremos acompanhar o desenrolar do processo investigatório e as providências que serão tomadas no caso”, disse o parlamentar, pelo Twitter. (Foto: CPT)