Presença de Mercadante em comissão do Senado é estratégia do Planalto para abafar escândalo

Cortina de fumaça – Às 10 horas desta terça-feira (28) a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal (CAE) recebe em audiência pública o petista Aloizio Mercadante, que atualmente responde pelo Ministério de Ciência e Tecnologia. Durante o encontro, Mercadante debaterá sobre o tema “Economia e competitividade: a importância da inovação”.

A presença de Mercadante na CAE é uma estratégia palaciana para evitar maiores desdobramentos do escândalo dos aloprados, imbróglio que resultou no polêmico “Dossiê Cuiabá”, conjunto de documentos apócrifos produzido para, em 2006, comprometer a candidatura do tucano José Serra ao governo paulista. À época, Aloizio Mercadante concorreu pelo PT ao Palácio dos Bandeirantes.

O ministro nega qualquer envolvimento no imbróglio, mas o Palácio do Planalto aposta suas fichas na base aliada, que está incumbida de fazer perguntas pouco incisivas sobre o assunto e se dar por satisfeitas com respostas superficiais. Considerando que Mercadante é ex-senador, são pequenas as chances de algum parlamentar criar situações de constrangimento durante a audiência.

A estratégia visa esvaziar os argumentos que sustentam os requerimentos apresentados na Câmara dos Deputados para convocar os ministros Aloizio Mercadante e Ideli Salvatti, que recentemente assumiu a coordenação política do governo de Dilma Rousseff, o aloprado Expedito Veloso e a ex-senadora Serys Slhessarenko.

Como os palacianos desejam mais uma vez abafar o escândalo que chacoalhou as eleições de 2006, Mercadante poderia aproveitar a oportunidade para revelar o real custo de sua campanha ao Senado Federal em 2002. Na ocasião o agora ministro informou à Justiça Eleitoral um valor que não condiz com a realidade das campanhas, mas acabou contestado pelo marqueteiro Duda Mendonça, que em depoimento à CPI dos Correios acabou se estranhando com Mercadante. Sem ter como desmentir o marqueteiro de Lula, o então senador foi obrigado a admitir que os gastos da campanha foram maiores que os declarados.