BNDES precisa explicar investimento na Bombril, antes de participar da fusão Pão de Açúcar-Carrefour

Confusão de sobra – A participação do BNDESPAr na fusão do Pão de Açúcar com o Carrefour continua rendendo reações polêmicas e indignação da opinião pública, pois, mesmo contrariando a opinião obtusa da ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil), o negócio receberá dinheiro público.

Confirmando o que noticiou o ucho.info, é absurda a declaração do ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento) de que a nova empresa a ser criada permitirá a distribuição de produtos brasileiros no exterior. Os R$ 4 bilhões que o BNDESPAr supostamente investirá no negócio sairão dos cofres oficiais, portanto, do bolso do contribuinte.

Os aduladores dos palacianos alegam que o BNDESPar quintuplicou seu patrimônio nos últimos anos, desde a chegada de Luciano Coutinho à presidência do BNDES, mas o órgão, que como o próprio nome mostrar deve promover o desenvolvimento econômico e social, ainda não explicou sua bisonha participação na Bombril, empresa comandada pelo fanfarrão – e gênio às avessas – Ronaldo Sampaio Ferreira. Circulando pela capital paulista como se fosse um descendente de Aladim, Ronaldo, logo depois de retomar o controle da Bombril, promoveu um nada ortodoxo aumento de capital da empresa, assunto que está sob o crivo da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e fez com que a participação do BNDESPAr no negócio despencasse, o mesmo acontecendo com a Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil.

Sem contar esses investimentos repletos de incongruências, o BNDES usará o dinheiro público para amainar uma acirrada disputa de dois grupos empresariais privados, o Pão de Açúcar e o francês Casino. Para que essa operação, como tantas outras, possa acontecer, o BNDES tomará dinheiro no mercado financeiro a 12% de juro ao ano, repassando aos tomadores a módicos 6%. A diferença, como se sabe, sempre é coberta pelo Tesouro Nacional, que só existe por conta da aviltante carga tributária nacional.

Assessores da presidente Dilma Rousseff, que defendem a operação, alegam que a participação do BNDESPAr no negócio garantirá a criação de uma empresa verde-amarela, o que não é verdade. Com a última incursão do Casino, que há dias comprou US$ 1 bilhão em ações do Pão de Açúcar, a participação do grupo francês no negócio presidido por Abílio Diniz saltou para 61%. Como se fosse pouco, o BNDES também é financiado pelo Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, o FGTS, e o Fundo de Amparo ao Trabalhador, o FAT. Resumindo, essa briga de cachorro grande não termina tão cedo.