“Cego” que faz cooper e mergulho é aprovado em concurso disputado por desembargadora do DF

Compulsória – Dados do Censo do IBGE mostram que o brasileiro está vivendo mais tempo. Um aspecto que preocupa é que muitos ainda não pararam para refletir sobre a necessidade de acumular reservas financeiras suficientes para viver com dignidade a aposentadoria.

Este não é o caso da desembargadora Ana Maria Duarte Amarante Brito, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal. Com 63 anos e uma vida estabilizada no serviço público, Ana Maria decidiu enfrentar novo concurso público. E não é um pequeno desafio, pois se trata da disputa de notários (ou tabelião), que são os donos de cartórios. São profissionais do Direito, dotado de fé pública, sujeitos à fiscalização do Poder Judiciário.

A desembargadora disputa pelo menos dois concursos. Um no Ceará, onde já se qualificou para as fases seguintes de prova oral e de títulos, e no Maranhão. Se passar pelas fases seguintes, poderá escolher o cartório onde poderá exercer a atividade muito bem remunerada. Dependendo da cidade e da região, a renda de um cartório ultrapassa a R$ 500 mil por mês.

No Ceará, foram disponibilizadas 345 vagas. O número de aprovados, entretanto, é bem menor e nesta relação está Ana Maria. No Maranhão, a juíza de carreira ficou na 59ª posição. Está tecnicamente aprovada no certame, pois estão sendo oferecidos 99 cartórios.

Ana Maria disse à reportagem do ucho.info que resolveu fazer o concurso porque o Congresso Nacional não mexeu com a aposentadoria compulsória de juiz. Pelas regras atuais, ao completar 70 anos, o magistrado terá que se aposentar. A desembargadora, portanto, está preparando seu pé-de-meia, ou melhor, um bom negócio para um futuro próximo.

No concurso do Maranhão, um detalhe chamou a atenção. Segundo o jornalista Décio Sá, Aurino da Rocha Luz, o diretor de Recursos Humanos do Tribunal de Justiça do Maranhão, se inscreveu no concurso de notários como sendo cego, apesar de desenvolver suas atividades normalmente no órgão e até ser praticante de mergulho. Pois é, ele passou em segundo lugar no concurso obtendo a nota “vermelha” de 6,7. Se estivesse concorrendo como qualquer pobre mortal, ficaria mais ou menos na 250ª posição.

“Aurino pode ser visto todo início de noite fazendo cooper na Avenida Litorânea sem cão-guia, bengala ou algo que indique que ele seja realmente cego. Não foi à toa que ele se inscreveu como deficiente. Nessa primeira fase do concurso foram aprovados 809 candidatos para ingresso e 37 para remoção”.