Pagot fala na terça no Senado, mas governo diz que aliados não podem ser mantidos a qualquer preço

Desabafo – O diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre (DNIT), Luiz Antônio Pagot, terá a oportunidade que tanto queria nesta semana. Falará aos membros da Comissão de Serviços de Infraestrutura do Senado na próxima terça-feira, dia 12. O dirigente do órgão deveria ter sido afastado das funções por ordem da presidente Dilma Rousseff, mas antes disso pediu férias de trinta dias.

Pagot poderá esclarecer sua participação em um suposto esquema de cobrança de 4% de propina em todas as obras pagas pelo governo federal e gerenciadas pelo DNIT. O requerimento do convite foi assinado pelo senador Blairo Maggi (PR-MT) e subscrito pelo senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) na segunda-feira (4), no auge da crise gerada pelas denúncias publicadas na imprensa. O convite a Alfredo Nascimento foi retirado de pauta diante da sua demissão do Ministério dos Transportes, ocorrida na tarde de ontem.

Na terça-feira, Pagot esteve no Senado Federal, onde se reuniu com a bancada do Partido da República. Estava bastante nervoso e disposto a falar com a imprensa. Queria apresentar sua defesa ou até mesmo disparar a metralhadora verbal na direção dos adversários que seriam os autores das acusações. Pagot foi orientado a ficar em silêncio, apesar dos protestos.

Em entrevista à “Agência Estado”, o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência, afirmou há pouco que a presença de Paulo Sérgio Passos na interinidade da pasta dará “tranquilidade” para as conversas do governo com o partido e lamentou as demissões de representantes da legenda. “Aliados não podem ser mantidos a qualquer preço”, disse. “Num governo, quem comete erro cai”, completou Carvalho.

Gilberto Carvalho diz que Alfredo Nascimento foi chamado na quarta-feira pela presidente Dilma para participar de reunião no Palácio do Planalto sobre infraestrutura, mas não foi encontrado. “Não é verdade que ele não foi convidado. Eu mesmo ligava para ele”, disse o ministro. “Estava combinado que ele iria para a Câmara e para o Senado dar explicações”, completou. “Não se pensava na saída dele no momento. O governo só não queria um processo de agonia lenta como foi o caso de Antonio Palocci, na Casa Civil. Isso desgasta o governo.”