Com jeito de rodoviária, aeroporto de Guarulhos abriga desocupados e sofre com estacionamento lotado

Virou baderna – Meses depois de a FIFA anunciar o Brasil como sede da Copa do Mundo de 2014, o secretário-geral da entidade máxima do futebol planetário, Jérôme Valcke, externou sua preocupação com os aeroportos do País, sempre entregues ao caos pro conta da conhecida inoperância de um Estado fanfarrão e acostumado à pirotecnia de ocasião. À época, sem a devida coragem para rebater o executivo da FIFA, o então presidente Luiz Inácio da Silva chamou Valcke, mesmo que de forma transversa e inominada, de “idiota”. Adjetivo que, na opinião de Lula, serviu e serve a todos aqueles que entendem que o Brasil não tem condições mínimas para sediar um evento de tamanha magnitude.

Após suas bizarrices discursivas, Lula prometeu investimentos da ordem de R$ 5 bilhões nos principais aeroportos brasileiros, mas a promessa de então luta para romper as barreiras da realidade. Listado para ser entregue à iniciativa privada, o Aeroporto Governador André Franco Montoro, em Guarulhos, na Grande São Paulo, receberá até dezembro uma ampliação que vem sendo considerada como um “puxadinho”. A obra usará um antigo galpão que em tempos passados era ocupado pela finada Vasp.

Se a ampliação a toque de caixa em nada solucionará o problema que existe no aeroporto de Guarulhos, que até o final do ano deve registrar movimento de 31 milhões de passageiros, somente em 2011, enquanto a nova obra ampliará a capacidade para 26,5 milhões de passageiros.

Somente com esse quadro já é possível perceber que Jérôme Valcke, que de idiota nada tem, estava coberto de razão ao se mostrar preocupado com a capacidade operacional dos aeroportos brasileiros. No contraponto, há no aeroporto de Guarulhos, também conhecido como Cumbica por estar localizado em bairro homônimo, problemas que já fazem parte do cenário local.

Se o espaço físico do aeroporto é insuficiente para a enxurrada de passageiros que anualmente circular por lá, o estacionamento não fica longe, pois conseguir uma vaga de estacionamento no aeroporto paulista exige sorte e paciência em doses idênticas. Há dias, a reportagem do ucho.info foi ao estacionamento do aeroporto de Guarulhos para verificar a situação. Com vários bolsões fechados por excessos de veículos, nas áreas com algumas vagas disponíveis é possível encontrar veículos estacionados sobre os canteiros ou interrompendo passagens.

Na parte interna a situação é pior e mais perigosa. Além dos famosos punguistas, que roubam os passageiros – levam malas, bolsas e equipamentos eletrônicos – o aeroporto agora abriga pedintes e outros desocupados. A equipe de reportagem deste noticioso foi abordada por uma mulher que, na companhia de uma criança, pedia ajuda para completar o valor de uma passagem. Prática mendicante que era típica de rodoviárias.

Encontramos também ambulantes oferecendo produtos aos passageiros e aos familiares que acompanham o embarque e desembarque de amigos e familiares. Em outras palavras, sem que Jerôme Valcke nos leia, a segurança no aeroporto de Guarulhos é no mínimo vergonhosa e ridícula, para não escrever palavras que nos levariam à censura. Como disse certa vez o desafeto de Valcke, “nunca antes na história deste país”…