Congresso do PT vai defender José Dirceu, sugerir o controle da mídia e reduzir o papel das prévias

Corporação – O deputado cassado José Dirceu (SP) deverá dominar as discussões políticas do 4ª. Congresso do Partido dos Trabalhadores que será realizado durante três dias, a partir de sexta-feira (02), no Centro de Convenções Brasil 21, em Brasília. Apesar de não figurar na pauta principal do evento que vai reunir 1.350 delegados, o nome da iminência parda da agremiação concentrar os debates, já que será apresentada uma moção de desagravo ao ex-ministro da Casa Civil.

Dirceu talvez seja o personagem mais importante das sombras da república nos últimos anos e sua influência nos meios políticos não é questionada, muito menos no PT. A moção surge por conta de uma reportagem da revista “Veja”, que o considerou o chefe de uma conspiração contra o governo Dilma Rousseff, que poderá participar do final do evento. Lula da Silva já confirmou a presença.

O ex-deputado trabalha em silêncio, mas não deixou de comentar a reportagem da revista em seu site. Prefere, no entanto, que outros ataquem a publicação. No íntimo, segundo relatou uma figura muito próxima de Zé Dirceu, ele adorou a reportagem. A equação é simples: deu mais peso a sua influência no mundo das sombras que ronda o poder da capital federal.

Em seu espaço eletrônico, o ex-parlamentar cutuca a oposição. Disse que a oposição “tem uma chance real de provar suas boas intenções em pactuar uma agenda mínima com o governo”. Para ele, os três únicos partidos contrários ao governo poderiam começar pela Proposta de Emenda Constitucional nº 300 (PEC-300) que estabelece piso nacional para os policiais e pela Emenda 29, que trata de recursos para a Saúde. “Da forma como estão as duas matérias não podem ser aprovadas”.

Além da discussão em torno do desagravo a Dirceu, os delegados petistas têm uma pauta bem clara. Vão examinar propostas que restringem as prévias para escolha dos candidatos às eleições e também um novo modelo de sustentação financeira do partido. A restrição contraria o programa do partido, mas é uma tese de Lula da Silva, que pretende impor seus candidatos às prefeituras em 2012. Um deles é o ministro da Educação, Fernando Haddad, à prefeitura de São Paulo.

Os delegados também devem defender, segundo conta a jornalista Vera Rosa, da “Agência Estado”, o marco regulatório da mídia e o que o partido chama de “democratização das comunicações”. A presidente Dilma pediu ao ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, que não deixe passar, no projeto de regulamentação do setor, qualquer referência a “controle” do conteúdo da imprensa.

O presidente do PT, deputado Rui Falcão afirmou nesta quinta-feira (01) à agência, que o PT não se furtará a criticar o “jornalismo partidário, parcial, que distorce fatos para caluniar e muitas vezes beira a ilegalidade”. Apesar do comentário, o presidente do PT – que é jornalista — fez questão de destacar que esse não será o tema principal do 4º Congresso do PT. Um grupo de dirigentes do PT teme, porém, que o desagravo a Dirceu acabe dominando o encontro.