Presidente da Anac descarta terceiro aeroporto em São Paulo, mas caos em Congonhas é vexatório

Fim de linha – Em 31 de outubro de 2007, quando a FIFA anunciou que o Brasil sediaria a Copa do Mundo de 2014, o então presidente Luiz Inácio da Silva disse, ainda na sede da entidade, que o País realizaria o maior evento esportivo futebolístico de todos os tempos. É claro que boa parte da população brasileira sabia tratar-se de mais um rompante de mitomania de Lula, mas muitos continuaram acreditando que isso seria possível.

Meses mais tarde, o secretário-geral da FIFA, Jérôme Valcke, externou sua preocupação com os aeroportos brasileiros. Foi o bastante para Lula da Silva chamá-lo de “idiota”, de forma transversa e inominada. O tempo passou e Lula anunciou investimentos de R$ 5 bilhões para a reforma e ampliação dos principais aeroportos brasileiros, obras que tinham como objetivo atender à demanda a ser gerada pela Copa.

Acontece que nada do que foi prometido virou realidade. Os aeroportos verde-louros estão à beira do caos, o que tem levado as autoridades a optarem pelos chamados “puxadinhos” de última hora, o que já acontece no Aeroporto Internacional Governador André Franco Montoro, em Guarulhos, na Grande São Paulo. Aliás, logo após o acidente com o Airbus da TAM, em Congonhas, o então ministro Nelson Jobim, da Defesa, anunciou que um terceiro aeroporto seria construído na região metropolitana da capital paulista.

Diretor-presidente da Agência Nacional de Aviação Civil, Marcelo Guaranys pensa exatamente o contrário. O executivo da Anac entende que São Paulo não precisa de um terceiro aeroporto e que o melhor é expandir a estrutura aeroportuária já existente. Entre as medidas está o aumento do número de voos por hora e a readequação das rotas, encurtando o tempo dos voos.

Na teoria pode parecer a solução ideal, mas na prática tal sugestão depende de um aumento da infraestrutura dos aeroportos, o que não deve acontecer tão cedo. No Aeroporto de Congonhas, um dos principais e mais movimentados do País, o cenário remete a uma rodoviária, tamanho é o número de passageiros que circulam pelo local. Na noite de domingo (25), um leitor do ucho.info flagrou uma cena no mínimi inusitada, para não afirmar que foi hilária, se considerarmos que o Brasil sediará o maior evento esportivo do planeta dentro de dezoito meses. Em dado momento, as esteiras de bagagens entraram em pane e pararam simultaneamente. Do lado de fora, os carregadores não sabiam o que fazer. Muitos passageiros decidiram entrar nos túneis das esteiras em busca de suas bagagens.

Entre as tantas incrédulas vítimas estava a família do piloto Felipe Massa, da Ferrari, que voltava de Curitiba. Isso mostra que o presidente da Anac de fato tem razão, pois a maior cidade brasileira – e uma das seis maiores do mundo – não precisa de um terceiro aeroporto, mas de pelo menos mais dois. Fora isso, as salas de embarque estão sempre lotadas e os banheiros simplesmente imundos.