Nova denúncia de negociação de emendas parlamentares coloca o governo de SP em situação delicada

Lenha na figueira – Enquanto permanecia isolado na denúncia de que um terço dos deputados estaduais paulistas negociava emendas parlamentares ao orçamento estadual, Roque Barbiere foi torpedeado pela base do governo, a mando, inclusive, do Palácio dos Bandeirantes. Barbiere não citou nomes, o que deixou uma nuvem de dúvida sobre sua denúncia, mas agora o episódio ganha um novo capítulo.

Líder comunitária e responsável pelo Centro Cultural Educacional Santa Terezinha, na periferia paulistana, Terezinha Barbosa revelou ao deputado Major Olímpio (PDT) que três parlamentares, que atualmente cumprem mandato, a procuraram para participar de um esquema de emendas.

Longe de ser uma escandalosa novidade, a venda de emendas é prática comum do Oiapoque ao Chuí. Tanto é assim, que o prefeito de Londrina, Barbosa Neto, também do PDT, está sendo investigado pelo Ministério Público Federal por causa de uma operação semelhante e que pode ser chamada de contrabando de emendas, pois ex-deputados federais do Rio de Janeiro dedicaram emendas à cidade paranaense, supostamente em troca de dinheiro.

Na Assembleia Legislativa de São Paulo o Conselho de Ética é controlado por integrantes da base do governo, que desde a denúncia de Roque Barbiere, em agosto passado, impediram a convocação dos envolvidos no esquema fraudulento.

O viés criminoso da operação é tamanho, que o deputado Major Olímpio, com larga experiência na Polícia Militar, tem medo de morrer caso revele os nomes dos envolvidos na venda de emendas. “Eu tenho medo sim, vou mentir?”, declarou o deputado Major Olímpio durante depoimento no Conselho de Ética.

A nova denunciante, Terezinha Barbosa, está disposta a depor, sem revelar os nomes dos parlamentares que lhe fizeram a proposta, mas o Conselho de Ética dificilmente terá tempo para isso.

Diferentemente do que sempre afirmou em suas campanhas eleitorais, o governador Geraldo Alckmin vira as costas para o combate à corrupção e prefere fazer ouvidos moucos diante do caso, não sem antes dedicar desprezo às denúncias. Se isso acontece é porque existe o temor de que alguém mal intencionado tenha escapado do ninho tucano.