Inflação ultrapassa o teto da meta, economia recua e discurso de Guido Mantega cai por terra

Na contramão – Ainda sem acordar para a dura realidade que aterroriza os cidadãos comuns, o ministro Guido Mantega, da Fazenda, continua insistindo na velha e conhecida cantilena de que o Brasil não será afetado pela crise que sacode a União Europeia, em especial os países da chamada “zona do euro”.

Enfrentar as reticências de uma crise que afeta um dos mais importantes blocos econômicos do planeta exige medidas que o governo brasileiro ainda não tomou. Conhecido e temido fantasma da economia, a inflação é o ingrediente principal do amaldiçoado espólio deixado por Lula à sua sucessora, a neopetista Dilma Vana Rousseff.

Enquanto esteve ministro do presidente-metalúrgico, Mantega sempre repetiu que a inflação estava sob controle, o crescimento econômico em expansão e as contas públicas a caminho da normalidade. Um trio de inverdades que a dura realidade atual comprova facilmente.

Com o centro da meta de inflação (4,5% ao ano) abandonado no meio do caminho, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo governamental IBGE, acumula alta de 6,97% em 12 meses e de 5,43% de janeiro a outubro, de acordo com a instituição. Com isso, o IPCA já ultrapassa o teto da meta de inflação, que é de 6,5%. Em outubro, a inflação foi de 0,43%, contra 0,53% registrado no mês anterior. Em setembro, o IPCA já havia acumulado alta de 4,38% no ano e de 7,31% em doze meses.

Para piorar ainda mais o cenário e derramar dúvidas sobre a profecia de Guido Mantega, a economia deve crescer menos de 3% em 2011, segundo alguns analistas de mercado. Essa trajetória desanimadora da economia é comprovada pelo momento que vivem os setores de serviços e de varejo.

Enquanto a economia anda a passos lentos e o cidadão comum enfrenta a carestia do cotidiano, o Palácio do Planalto não se envergonhou no momento em que, debruçado sobre o balcão de negócios que é o Congresso Nacional, garantiu a peso de ouro a prorrogação por mais quatro anos da Desvinculação das Receitas da União, uma espécie de cheque em branco que dá ao governo o direito de utilizar como bem quiser o correspondente a 20% do orçamento da União.

Como pregam os especialistas em economia, uma das principais medidas que devem ser tomadas para o combate da inflação é o corte dos gastos públicos. Ao que parece, essa não é. Nem mesmo em sonho, a intenção dos soberbos palacianos.