O desespero dos mineiros contra o rebaixamento após árdua luta de dez anos pela elite do futebol

Pressão é forte – O estado de Minas Gerais demorou dez anos para ver reunidos seus três principais clubes, América, Atlético e Cruzeiro, na elite. O que os torcedores dessas instituições não imaginavam, porém, era que, restando cinco rodadas para a conclusão do Campeonato Brasileiro 2011, os três estariam na parte inferior da tabela, brigando duramente contra o rebaixamento, preocupando aqueles brasileiros que são notoriamente conhecidos pela tranquilidade.

O Coelho é o que vive a situação mais complicada. O time segura a lanterna da competição há 21 rodadas, tendo ainda condições matemáticas de escapar de um retorno à Série B, mas com sete pontos de desvantagem para o Ceará, o time que, em 16º, margeia a zona de descenso. Também está nesse grupo a Raposa, apontada entre os candidatos ao título no início, mas que vem sofrendo no segundo turno. O Galo é quem passa pelo momento menos desconfortável, em 14º, com 39 pontos.

O Atlético esteve entre os lanternas por 14 rodadas, mas conseguiu emplacar uma boa sequência em seus últimos jogos para respirar um pouco mais aliviado. Essa reação começou num pacto entre os jogadores, depois de um doloroso empate com o Ceará por 1 a 1, com dois homens a mais em campo e uma infinidade de gols desperdiçados. Na ocasião, o treinador Cuca demorou para deixar o banco e encontrar seus comandados no vestiário. Preocupados com a hesitação do técnico, eles fizeram um pedido especial: que seguisse com eles com a promessa de que o rendimento melhoraria.

Bingo: desde então, foram quatro vitórias, um empate e um revés para o vice-líder Vasco, dando o respiro necessário para o time afastar a crise. Foi uma lição de maturidade de um elenco que conta com jovens como o goleiro Renam Ribeiro, de 21, o volante Fellipe Souto, 20, e o meia-atacante Bernard, 19, entre os titulares. “Não era o momento de ter uma troca. A gente sabia que, com a saída do Cuca, a situação ficaria mais complicada. Tivemos uma conversa no vestiário e pedimos para que ele ficasse”, afirmou o meia Renan Oliveira, 21.

Se computados apenas os resultados do returno, os atleticanos contariam com a quarta melhor campanha do Brasileirão. “A maré mudou. Aqueles momentos ruins que a bola não entrava, falta de sorte também acabou saindo, a gente conseguiu deixar para trás”, disse o volante Pierre.

A maré, contudo, está agitada para os cruzeirenses. Neste mesmo cálculo que computa os resultados do segundo turno, com apenas sete pontos, a equipe ocuparia a penúltima posição, à frente do Palmeiras. Com a goleada sofrida diante do Flamengo, ingressou no grupo dos quatro últimos pela primeira vez. O Flamengo, aliás, foi um pesadelo para o trio mineiro no campeonato. Em seis jogos, o time rubro-negro obteve cinco vitórias e um empate diante da trinca, tendo o atacante Deivid inspirado nestes confrontos em especial: o vice-artilheiro do campeonato anotou sete dos 15 gols de sua equipe nessa série.

A pressão é forte, deste modo, em cima da Raposa, ainda mais com o meia Walter Montillo afastado dos gramados devido a uma lesão. “Representa muito a ausência. Não é novidade: o Montillo é o principal articulador do time, aquele que faz com que nossa equipe tenha um pouco de surpresa no jogo”, disse o técnico Vágner Mancini.

A equipe, porém, não está pronta para entregar os pontos. “Temos condição, com uma vitória, mudar totalmente o rumo dessa tabela, dessa colocação”, disse o experiente goleiro Fábio, capitão do time e um dos homens que briga por vaga na Seleção de Mano Menezes.

Ocupando o último lugar desde a 13ª rodada, o América ainda apresenta o mesmo espírito de seu rival de Belo Horizonte. Nada como bater o líder Corinthians para empolgar. “Uma vitória muda todo o ambiente, quando a vitória não aparece, você fica chateado em casa e aqui”, comentou Alessandro. “A vitória renova o ambiente e o ânimo. Espero que isso seja transferido para os jogos por uma sequência boa”, disse o atacante Alessandro.

Não há melhor incentivo para os jogadores do Coelho do que a constatação de que a equipe já derrotou os três primeiros colocados do Brasileirão. Antes de ter surpreendido dos corintianos em Uberlândia, o América havia derrotado o vice Vasco e o Fluminense, e com folga, respectivamente por 4 a 1 e 3 a 0. O desafio, agora, é passar pelo resto. O texto é do site “Fifa.com”.