Aumento salarial para servidores da Câmara é um atentado contra o minguado salário mínimo

Sem propósito – Contra a vontade dos líderes partidários, a Mesa Diretora da Câmara dos Deputados avalizou a proposta que aumenta em até 49% os salários dos servidores da Casa, além de majorar em 50% a verba de gabinete, que, aprovado o projeto, passará de R$ 60 mil para R$ 90 mil mensais. Fora isso, 70 novos cargos serão criados para contemplar o PSD, partido criado recentemente pelo prefeito Gilberto Kassab, de São Paulo.

Esses novos cargos atendem aos direitos do partido, que surgiu com a chegada de parlamentares que deixaram outras legendas. Seguindo a lógica, os cargos disponíveis aos partidos que perderam deputados para o PSD deveriam ser imediatamente transferidos à nova agremiação. Como as despesas da Câmara dos Deputados são custeadas com o suado dinheiro do contribuinte, o negócio é gastar ainda mais, algo absurdo diante da crise financeira que chacoalha a Europa e algumas importantes economias fora do Velho Mundo.

O projeto deve ser levado ao plenário no apagar das luzes de 2011, provavelmente em 22 de dezembro, penúltimo dia de atividades parlamentares antes do recesso de final de ano. Com os brasileiros ocupados com as compras natalinas, o projeto deve ser aprovado com tranquilidade. Confirmada a expectativa, os aumentos aceitos pela Mesa Diretora representarão um gasto extra de R$ 386 milhões por ano, dinheiro que não está previsto no Orçamento da União de 2012, mas a Câmara garante que tem como pagar.

Muito estranhamente, os deputados federais que aprovarão a matéria serão os mesmos que obedeceram as ordens do Palácio do Planalto e concederam um aumento pífio para o salário mínimo, fixado em míseros R$ 545. Mesmo assim, há quem diga que a Câmara dos Deputados é a casa do povo.