Crise da União Europeia exigirá do Brasil estratégia diferente, que não o incentivo ao consumismo

Quebra-cabeça oficial – As autoridades econômicas europeias têm se esforçado para conter a crise no Velho Mundo, mas algumas decisões foram tomadas tardiamente, o que impediu que as consequências singrassem os mares. Por maior que seja a boa vontade dos governantes locais, as reações do mercado financeiro internacional devem dificultar o movimento de recuperação da economia do bloco. A redução da nota de classificação de nove importantes economias da União Europeia deve complicar ainda mais a situação. Com o custo do dinheiro mais elevado por conta da desconfiança dos investidores, a União Europeia deve enfrentar dias difíceis nos próximos dois ou três anos.

Essa dificuldade por certo afetará as economias emergentes, como a do Brasil, que terá de encontrar uma saída para a inevitável redução do poder de compra do europeu. A exemplo do que fez Luiz Inácio da Silva no final de 2008, quando eclodiu a crise resultante do “sub prime” norte-americano, a presidente Dilma Vana Rousseff anunciou, tempos atrás, que a solução para o problema vindo da chamada zona do euro está no incentivo ao consumo interno.

Acontece que diferentemente do que ocorreu na crise anterior, os brasileiros, que mergulharam no consumismo irresponsável, compraram nos últimos três anos tudo o que sonhavam ou necessitavam. Ou seja, aquecer o consumo interno parece que não será uma tarefa tão fácil quanto imaginam os palacianos. Para desatar o nó que se avizinha o governo federal deveria ter investido, com a necessária antecedência, na produção, o que não aconteceu.

Quando ocupou a Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, durante a era Lula, o economista Roberto Mangabeira Unger, outrora crítica ferrenho do ex-metalúrgico, alertou para o perigo da desindustrialização no Brasil. Os então donos do poder não deram a devida atenção ao assunto e agora sobrarão pessoas chorando sobre o leite derramado. Sempre lembrando que a conta dessa irresponsabilidade em breve estará no bolso do contribuinte.