Crítico da PM paulista no caso Pinheirinho, PT de Lula reprimiu manifestantes da UnB com violência

(Foto: André Dusek - AE)
Recordar é viver – Os paulistas que se preparem, pois a reintegração de posse da área conhecida como Pinheirinho, em São José dos Campos, será a principal bandeira petista nas eleições municipais de outubro próximo. Tudo porque o PT pretende crescer no interior do estado de São Paulo, como forma de cacifar o partido para a disputa pelo Palácio dos Bandeirantes em 2014. Sonho antigo, o Partido dos Trabalhadores quer varrer o PSDB da principal e mais importante unidade da federação.

À espreita por uma oportunidade que proporcionasse condições para estocar o tucanato paulista, o PT não perdeu tempo diante da operação que culminou com a reintegração de posse do Pinheirinho. A atuação da Polícia Militar paulista, que cumpriu ordem judicial ratificada pelo Superior Tribunal de Justiça, transformou-se em alvo das críticas dos petistas palacianos e tem servido como cardápio para baderneiros profissionais contratados para tumultuar eventos oficiais do PSDB.

Horas depois da tumultuada operação no Vale do Paraíba, o secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, saiu em defesa dos que foram expulsos da área ocupada ilegalmente e disse que a PM transformou o local em “praça de guerra”. Homem acostumado a cumprir ordens superiores de forma genuflexa, Gilberto Carvalho pode falar e pensar o que quiser, mas antes de qualquer manifestação deveria se pronunciar sobre a morte de Celso Daniel, ex-prefeito de Santo André, que disse adeus à vida porque sabia demais sobre os bastidores da legenda.

Secretário nacional de Articulação Social, Paulo Maldos, que na operação policial de São José dos Campos foi atingido por bala de borracha, disse que “é preciso institucionalizar mecanismos de diálogo que precedam qualquer reintegração de posse”. Resumindo, Maldos, por questões que passam também pelos interesses eleitorais e políticos do PT, quer atropelar o ordenamento jurídico do País, como se ordem judicial servisse para nada, o que não significa que a mesma possa ser contestada no âmbito da Justiça.

Antagonismo oficial

Os seguidos e oportunistas discursos que partem do Palácio do Planalto contra a ação da Polícia Militar paulista reverbera na mídia porque os veículos de comunicação precisam de manchetes a todo instante, mas perde força quando a história recente retroage. A grande missão do jornalismo é não apenas noticiar o fato, mas proteger a sociedade das mazelas do Estado e da peçonha dos seus operadores, independentemente de qual seja o partido ou a corrente ideológica dos donos do poder.

O questionamento que ora fazemos não serve para defender a violência no cumprimento da lei, mas para exigir isonomia na aplicação da mesma e, acima de tudo, cobrar coerência dos que fazem acusações pontuais. Considerando que a incoerência é uma das forças motrizes da política e que a curta memória popular só cresce, cabe-nos o dever de voltar no tempo e refrescar a memória desses que ora se julgam os oráculos do Senhor.

As críticas voltadas à reintegração do Pinheirinho se devem ao fato de que os invasores da área não foram recebidos com diplomacia pela PM paulista. Foi o suficiente para que os defensores dos direitos humanos ocupassem a cena nacional. Muito estranhamente, esses falsos monges, que ora tripudiam sobre o episódio de São José dos Campos, se calam diante da postura da presidente Dilma Rousseff, que anunciou com antecedência que durante sua visita oficial a Cuba, nesta semana, não tratará com os irmãos-ditadores Raúl e Fidel Castro sobre o desrespeito aos direitos humanos na ilha caribenha e o tratamento sanguinário e criminoso dispensado aos opositores do regime local.

Borrachas vermelhas

Tomando como referência o ditado que diz que “o mesmo pau que bate em Chico, bate em Francisco”, analisemos a postura do PT diante do caso Pinheirinho. A propagação do caso por parte dos petistas encontrou força na forma truculenta como a PM agiu. Reclamação mais do que justa, mas é preciso lembrar que o PT de Lula também já apelou a procedimento idêntico.

Em 25 de março de 2010, portanto no governo do messiânico Luiz Inácio da Silva, estudantes, professores e servidores da Universidade de Brasília (UnB) foram ao Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB), que por alguns meses serviu como sede provisória do governo federal durante a reforma do Palácio do Planalto. No local, os manifestantes protestaram contra uma decisão do Ministério do Planejamento, que suspendeu adicional salarial de 26,05%, conquistado pelos professores e servidores da UnB em 1999 ao final de processo na Justiça. O ministério suspendeu o pagamento apenas e tão somente porque entendeu ser indevido.

Ao tentarem invadir a sede do CCBB, os manifestantes da UnB fora recebidos, sem diplomacia alguma, pela segurança do Palácio do Planalto. Em seguida, por ordem da Presidência da República, foi chamada a Polícia Militar do Distrito Federal, que aos revoltosos dispensou cassetetes e sopapos. Os professores e servidores tentaram invadir a sede do Centro Cultural do Banco do Brasil para reclamar do descumprimento de uma decisão judicial transitada em julgado e que há muito vinha sendo cumprida à risca, mas resposta foi a truculência.

No caso Pinheirinho, que agora recheia o relicário petista, os invasores, por decisão da Justiça paulista e endosso do STJ, foram obrigados a deixar a área. Diante da negativa dos moradores do bairro que se formou ilegalmente em propriedade particular, o Judiciário acionou a força policial.

Sem jamais terem se agarrado a discursos convincentes, os petistas, que insistem em flanar nas nuvens da soberba, abusarão daquele conhecido provérbio que faz sucesso entre os ignaros: “uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa”.