Ágio em leilão de aeroportos prova que secretário da FIFA estava certo e que Lula foi irresponsável

Extensão do problema – O governo arrecadou R$ 24,535 bilhões com o leilão de privatização de três aeroportos realizado nesta segunda-feira (6), na sede da BM&FBovespa, em São Paulo. O ágio foi de 348% sobre o preço mínimo de R$ 5,477 bilhões estipulado no edital para a concessão dos aeroportos de Guarulhos, Campinas e Brasília.

Com proposta de R$ 16,213 bilhões, o que representa ágio de 373% sobre o preço mínimo estipulado, a Invepar venceu a disputa pela concessão do aeroporto de Guarulhos (Aeroporto Governador André Franco Montoro), na Grande São Paulo (SP). A empresa detém 90% do consórcio formado com a sul-africana ACSA, que possui os outros 10%.

Já a disputa pelo o aeroporto de Brasília registrou ágio de 673%. A Engevix, vencedora da licitação, ofertou lance de R$ 4,501 bilhões, ágio de 673% (o valor mínimo era de R$ 582 milhões). A concessão do aeroporto de Viracopos, em Campinas, foi vencida pelo consórcio liderado pela Triunfo Participações, que ofereceu R$ 3,821 bilhões, com ágio de 159,8% sobre o R$ 1,471 bilhão que constava do edital.

Enquanto o Palácio do Planalto comemora o resultado do leilão, que superou não apenas os valores trazidos no edital, mas as expectativas dos palacianos, os valores ofertados mostram que o governo federal subestimou a necessidade de investimento nos aeroportos brasileiros. Os vencedores do leilão prometem investimentos com vistas à Copa do Mundo, mas é no mínimo um ato de irresponsabilidade acreditar em promessa tão ufanista. Independentemente do certame futebolístico internacional de 2014, os aeroportos brasileiros carecem de soluções imediatas para os problemas que atrapalham a vida dos milhares de passageiros que cruzam o País pelos ares.

Quando o secretário-geral da FIFA, Jérôme Valcke, externou sua preocupação com o caos que impera nos aeroportos verde-louros, o então presidente Luiz Inácio da Silva, irritado com a crítica, chamou o executivo de “idiota”, mesmo que de forma inominada e transversa. À época, Lula anunciou investimentos de R$ 5 bilhões em obras de reforma e ampliação dos aeroportos, mas o leilão desta segunda-feira deixou claro que o ex-metalúrgico é especialista em conversa fiada.