Fim dos sequestros não representa a derrocada das Farc, que sobreviverá do tráfico de drogas

Muita atenção – No último domingo (26), as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) anunciaram o fim da prática de sequestros e a libertação conjunta dos dez militares e policiais que seguem reféns dos narcoguerrilheiros em diversos locais da selva colombiana.

“Anunciamos que a partir da data banimos a prática deles (sequestros) em nossa atuação revolucionária”, informaram as Farc, destacando que a decisão obrigará a guerrilha a abolir uma “lei” que trata do financiamento do grupo a partir do sequestro de civis.

As Farc, que perderam força com a morte de alguns dos seus principais líderes, agradeceram a aceitaram a ajuda logística oferecida pela presidente Dilma Rousseff para a anunciada libertação dos reféns. Até aqui nada há de novo em termos de informação, mas é importante considerar que as Farc, ao abandonarem a prática do sequestro, não deixarão de existir, pois se isso acontecer quase uma dezena de milhares de rebeldes terminará na cadeia. A saída será intensificar o tráfico de drogas para garantir o financiamento do grupo. Esse detalhe deve ser considerado pelas autoridades de segurança brasileiras.

A ajuda oferecida por Dilma resulta de duas decisões. A primeira delas se refere à necessidade da mandatária brasileira de não perder espaço político em uma região que é dominada pela esquerda. A segunda, meramente ideológica, está ligada ao fato de as Farc integrarem o grupo esquerdista conhecido como Foro de São Paulo, que tem regras definidas de cooperação mútua.