Queda no consumo familiar e estagnação da indústria revelam situação de perigo da economia

Alerta acionado– Se o crescimento da economia nacional em 2011 ficou aquém do esperado pelo próprio governo, o consumo das famílias brasileiras é um detalhe que preocupa, sendo que o perigo torna-se ainda maior quando esse dado é conjugado com outro. De acordo com dados divulgados nesta terça-feira (6) pelo IBGE, o consumo familiar registrou crescimento de 4,1%, o pior resultado desde 2004, quando o índice ficou em 3,8%. Em 2010, a alta deste segmento de análise foi de 6,9%.

O recuo nesse quesito preocupa os técnicos do IBGE. ““Como o consumo das famílias representa 60% do PIB, isso é um fator que tem que ser olhado com cuidado”, afirmou Roberto Luís Olinto Ramos, coordenador de Contas Nacionais. “É um dos fatores fundamentais para a sustentação do crescimento (do país), mas não é o único”, complementou.

A queda no consumo familiar é algo que anunciado com largueza pelo ucho.info, que alertou para o perigo que representava a decisão das famílias brasileiras de consumir como forma de honrar os compromissos financeiros assumidos durante a onda de consumismo que teve seu nascedouro em um pedido do então presidente Luiz Inácio da Silva.

Outro detalhe que preocupa é a estagnação da indústria brasileira, agora evidenciada pelos dados divulgados pelo IBGE. O fraco resultado do PIB de 2011 não surpreendeu a Fiesp, e o Ciesp, que há muito vêm alertando para os danos que uma indústria fraca pode causar para o total de riquezas que o país produz. A relação entre desenvolvimento da indústria e o PIB no Brasil também fica clara nos resultados apresentados pelo governo: “nos anos em que a indústria cresce mais forte, o PIB acelera mais; quando a indústria cai ou cresce fraco, o PIB decresce ou cresce pouco”, informou a Fiesp em nota.

“O que explica o desempenho pífio da indústria brasileira são aqueles pontos que estamos falando faz tempo: câmbio e juros elevados, altíssima carga tributária, custo de energia e spreads maiores do mundo, infraestrutura deficitária e “invasão” de produtos importados, que se valem não só do câmbio, mas também de incentivos fiscais ilegais oferecidos por alguns estados para atrair importações (Guerra dos Portos). Para se ter uma ideia, no ano passado, nosso déficit na balança de manufaturas foi de 93 bilhões de dólares, um absurdo”, afirma Paulo Skaf, presidente da Fiesp e do Ciesp.