Câmara desrespeita as próprias regras para acomodar os deputados que se bandearam para o PSD

(Foto: Agência Estado)
Vale tudo – O que esperar de um país cujo Poder Legislativo desrespeita as próprias leis para atender o fisiologismo partidário? Na verdade, o cidadão nada pode esperar daqueles que se dizem representantes do povo, pois o Congresso Nacional, em Brasília, transformou-se em um clube privado de negócios.

Para aplacar o apetite por cargos do recém criado PSD, a Câmara dos Deputados decidiu inchar as comissões permanentes da Casa para acomodar os parlamentares que migraram para o partido do prefeito paulistano Gilberto Kassab. O desrespeito ao regimento interno da Câmara é tão gritante, que a Comissão de Constituição e Justiça terá cinco novos integrantes, passando de 61 para 66.

De acordo com o que determina a legislação, a formação das comissões permanentes está atrelada aos resultados das eleições, o que define o número de vagas de cada partido. Sendo assim, o PSD só teria direito a pleitear as tais vagas a partir da eleição de 2014.

Não há como cobrar do cidadão doses mínimas de coerência, quando de cima para baixo vem um exemplo errado de como leis e regras devem ser encaradas. Considerando que essa incoerência grassa do Oiapoque ao Chuí, sem falar nos desmandos e transgressões, chamar o Brasil de país do futuro é ter uma visão meramente mercantilista, pois em termos de lógica o País acabou há muito.

Números que não fecham

Para se ter ideia do que de fato representa a política na vida do brasileiro, um candidato a deputado federal por um estado do Nordeste, por exemplo, gasta, em média, R$ 50 por voto para participar de uma eleição com chances de vitória. No caso de ser eleito com 150 mil votos, o candidato terá gasto em pouco mais de três meses de campanha a fortuna de R$ 7,5 milhões. A conta não bate quando percebemos que esse investimento milionário, em curto espaço de tempo, renderá ao eleito, em quatro anos de mandato, pouco perto de R$ 1,5 milhão em salários. Em outras palavras, há algo mal explicado nessa história ou quem inventou a tal da Matemática era ruim de conta.

Em outro vértice da vida legislativa, assumir a liderança de um partido mediano na Câmara dos Deputados é tarefa que exige dedicação e pelo menos R$ 3 milhões, dinheiro que será usado para conquistar a aquiescência dos doutos parlamentares, que a partir de então estarão prontos para incensar o novo líder. Esse viés financeiro se explica pelo fato de que a liderança abre à maioria dos parlamentares chances de negócios muito maiores. Resumindo, erra quem pensa que a política é feita a partir da ideologia