Crescimento pífio do PIB e resistência da inflação derrubam tese da economia estável

Receita explosiva – Se depender das autoridades econômicas do governo federal, o acanhado desempenho da economia brasileira em 2011 continuará sendo culpa da crise que afeta a União Europeia e já começa a singrar as águas do Oceano Atlântico. A miopia oficial impede que os inquilinos do Palácio do Planalto enxerguem que as causas do fraco crescimento do PIB no ano passado decorrem da incompetência de um governo que herdou o populismo barato como principal ferramenta administrativa.

Divulgados nesta sexta-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os dados referentes ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apontam inflação de 0,45% em fevereiro. As altas mais expressivas e de maior peso no IPCA, segundo o órgão, ficaram com habitação (0,60%), educação (5,62%) e saúde e cuidados pessoais (0,70%). Com o resultado, o indicador dos últimos doze meses ficou em 5,84%.

De acordo com o professor Emerson Marçal, da Escola de Economia da FGV-SP, a inflação ficou dentro do esperado. “Serviços continuam sendo os vilões da inflação por conta da alta demanda por estes bens, o que deixa a inflação, no acumulado do ano, desconfortável”.

Para os próximos meses, a inflação em doze meses deve continuar recuando. “Até maio, a inflação acumulada deve cair para um patamar próximo entre 5 e 5,5%. Caso o governo queira conter esse índice, além de reduzir as taxas de juros, para manter a atividade econômica, é preciso segurar os gastos públicos e fazer cortes no orçamento em longo prazo. O ideal seria que o PIB tivesse uma taxa de crescimento maior do que a inflação, fato que não ocorre há anos”, finaliza Marçal.

É importante destacar que os resultados de pesquisas e levantamento de dados refletem a mediatriz de uma situação generalizada, enquanto alguns setores da economia, neste caso, estão enfrentando problemas quase irreversíveis. Entre o discurso oficial, sempre esculpido com cinzel palaciano antes de ser proferido, e a realidade das ruas há uma enorme diferença. O “economês” utilizado pelos tecnocratas camufla a verdade dos fatos, que pode ser facilmente constatada na pizzaria da esquina. Quando um estabelecimento comercial que vende uma das iguarias mais consumidas no planeta recorre a sites de compras coletivas como forma de turbinar o faturamento, é porque algo de errado há no caminho. E só não enxerga aquele que não quer.