Usar a fragilidade da saúde de Lula como ferramenta da campanha de Fernando Haddad é apelação

Tiro no escuro – Entre o que Luiz Inácio da Silva fala publicamente sobre a própria saúde e o que os médicos atestam nos bastidores há diferenças. Pelo menos é o que se ouve de profissionais da Medicina que trabalham no Hospital Sírio-Libanês, que sob a condição de anonimato garantem que Lula não está levando a sério o período de recuperação. Nenhum tratamento contra um câncer, por menos agressivo que seja, permite que o paciente avance sobre o mundo no dia seguinte da alta médica. Estar momentaneamente curado é uma coisa, estar totalmente recuperado é outra.

Ao participar de inauguração de escola em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, Lula decidiu discursar como nos velhos tempos e no meio do palavrório foi acometido por uma tosse que abreviou sua presença no palanque. Na política não existe o acaso. O que é acontece é previamente programado. E Lula só subiu no palanque por questões político-eleitorais, pois precisa impulsionar a candidatura do empacado Fernando Haddad, seu escolhido para disputar a prefeitura de São Paulo.

Para provar que a aparição de Lula no evento em São Bernardo do Campo foi tão planejada quanto precipitada, basta fazer uma análise rápida do pós-operatório de alguém que decide fazer uma cirurgia plástica por vaidade. Essa pessoa por certo não está doente, mas após a cirurgia recebe orientação médica para se resguardar durante determinado período, como forma de evitar complicações.

Lula, como se sabe, não enfrentou um problema qualquer de saúde. Lutou contra um câncer na laringe e por sorte se deu bem, pelo menos por enquanto. A certeza final virá dentro de cinco anos, período em que os médicos consideram como sendo possível uma recidiva. Como se não bastasse, o ex-metalúrgico teve recentemente uma complicação pulmonar (pneumonia), com direito a febre e tratamento com antibióticos, o que reforça a tese de que seu retorno às atividades deve ser escalonado. Qualquer paciente que se livrou recentemente de uma pneumonia sabe dos cuidados que deve tomar logo após a alta médica. Encontros menores e reservados são admissíveis, mas subir em um palanque lotado de políticos e os famosos “papagaios de pirata” é querer zombar da sorte.

Por outro lado, os incautos não devem permitir que a consciência seja abduzida pela fragilidade da saúde, que já foi transformada em ferramenta eleitoral. Eleição ganha-se com propostas, não com exploração indevida da saúde de um cabo eleitoral.