Com base em minucioso dossiê da promotoria de Nova York, Justiça dos EUA nega pedido de Maluf

Sol quadrado – Os advogados de Paulo Salim Maluf tentaram, mas a Justiça dos Estados Unidos negou. O nome do ex-prefeito paulistano e agora deputado federal continuará na lista de procurados pela Interpol. O pedido de prisão expedido pela Justiça norte-americana, que poderá ser cumprido em qualquer dos 188 países que integram política internacional, decorre de crimes de lavagem de dinheiro, roubo e fraude.

Maluf, que pode cumprir pena de até 25 anos de prisão, é acusado de movimentar ilegalmente contas bancárias em Nova York, todas abastecidas com dinheiro público desviado de obras realizadas na capital paulista.

De acordo com a defesa, Paulo Maluf não cometeu qualquer crime nos Estados Unidos, mas por lá a lei é diferente e mais rígida quando o assunto é o branqueamento de capitais. Fora isso, Maluf tem contra si a implacabilidade do promotor de Nova York, Robert Morgenthau, que há muito investiga as estripulias do ex-prefeito.

Entre o final dos anos 90 e o início de 2000, Morgenthau desvendou o esquema criminoso que marcou a instalação de fibras óticas na cidade de São Paulo. Como a operação envolveu duas empresas norte-americanas, sendo uma delas a Metrored, do grupo Fidelity, o promotor entrou no caso e prendeu muitas pessoas com base na lei Foreign Corruption Practice Act. A tal lei é implacável com quem corrompe autoridades públicas no exterior.

Ao editor do ucho.info, o promotor Robert Morgenthau explicou, com direito a documentos, que a Metrored contratou por US$ 10 milhões uma empresa de Miami, criada por brasileiros, para corromper autoridades da prefeitura de São Paulo, a fim de facilitar o processo licitatório e garantir a vitória na concorrência. À época Maluf não estava prefeito, mas deixou na prefeitura seus apaniguados, alguns deles comandados por Flávio Maluf, seu filho.

O deputado Paulo Maluf pode buscar outras alegações para tentar se livrar da lista da Interpol, pois convencer a bem informada promotoria de Nova York não será fácil. O minucioso trabalho deixado por Morgenthau, que se aposentou em dezembro de 2009, aos 90 anos, permite que a Justiça ianque continue inflexível com Maluf, que não pode deixar o Brasil sob pena de ver o despontar do astro-rei de forma geometricamente distinta.