Informações privilegiadas sobre política de juros do governo podem ter facilitado a compra da Delta

Contatos imediatos – Que a CPI do Cachoeira está fadada a dar em nada todos sabem, mas deixar fora do alcance das investigações as estripulias cometidas pela Delta Construção é dar a muitos políticos o aval para a impunidade. A resistência do PT diante da possibilidade de investigar a empreiteira que mais cresceu no País durante a era Lula da Silva causa enorme temeridade, pois uma análise mais minuciosa das provas colhidas pela Polícia Federal pode alcançar sem muita dificuldade conhecidos frequentadores do Palácio do Planalto.

Como noticiado há dias no DIRETO DA CORTE, causa espécie o fato de dois destacados ex-integrantes do governo de Luiz Inácio da Silva estarem atuando na blindagem do contraventor e da empreiteira, Márcio Thomaz Bastos e Henrique Meirelles, respectivamente.

Muito estranhamente, a compra da Delta Construção pelo grupo J&F, controlador do frigorífico JBS Friboi, continua provocando desconfiança. Até porque, nenhum capitalista apostaria seu dinheiro em uma empresa que vem perdendo sistematicamente contratos milionários, que é investigada pela Polícia Federal e está a um passo de ficar proibida de realizar negócios com o governo federal.

Para aumentar ainda mais as suspeitas, que não são poucas, nos últimos dias recrudesceu no mercado financeiro o comentário de que a compra da Delta pode ter saído quase de graça ao grupo do empresário José Batista Júnior. Em 2011, o Banco Original (resultado da fusão do Banco Matone e do Banco JBS), pertencente ao grupo J&F, reforçou seu lucro com operações no mercado de derivativos, onde se negociam, por exemplo, contratos futuros de taxa de juros, de câmbio e de boi gordo. Na última semana, correu no mercado financeiro que o Original voltou a lucrar com derivativos, possivelmente por ter se valido de informações privilegiadas sobre a decisão do governo federal de reduzir as taxas de juro, no vácuo da queda da Selic.

Nas operações do ano passado, o Banco Original lucrou com derivativos principalmente no terceiro trimestre, sendo que em agosto o Comitê de Política Monetária do Banco Central surpreendeu o sistema financeiro ao reduzir de forma inesperada a taxa básica de juros (Selic) de 12,5% para 12% ao ano. Situação que pode ter se repetido recentemente, no vácuo do anúncio da compra da Delta pelo grupo da família Batista.

Vale lembrar que, também em 2011, o Banco Original recebeu um aporte financeiro do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) no valor de R$ 850 milhões. O FGC é “uma entidade privada, sem fins lucrativos, que administra um mecanismo de proteção aos correntistas, poupadores e investidores, que permite recuperar os depósitos ou créditos mantidos em instituição financeira, em caso de intervenção, de liquidação ou de falência”.

A compra da Delta pelo grupo do JBS Friboi precisa ser investigada com urgência, antes que a transação caia no esquecimento ou seja cancelada para evitar estragos ainda maiores aos envolvidos nas transgressões cometidas a partir da rede criminosa comandada pelo bicheiro Carlinhos Cachoeira. Resumindo, já passou uma boiada por esse história nebulosa que o Palácio do Planalto não quer ver esclarecida.