Disputa pela prefeitura de São Luís começa com traição nos bastidores e deve “incendiar” em breve

Ciranda eleitoral – A corrida à prefeitura de São Luís ainda não começou oficialmente, mas já tem polêmica de sobra na capital maranhense. Até a manhã deste domingo (10), os partidos de oposição (PP, PPS, PSB e PTC) mantinham um acordo de escolher o candidato do bloco entre quatro pretendentes, mas acabou prevalecendo uma manobra de bastidor que favoreceu Edivaldo Holanda Júnior (PTC).

Ex-prefeito de São Luís e pré-candidato do grupo oposicionista, Tadeu Palácio (PP) discordou da decisão, pois pesquisas apontavam seu favoritismo, e anunciou que manterá sua candidatura, o que deve ser confirmado na sede do partido às 9 horas de segunda-feira (11).

Já a candidatura de Holanda Júnior foi incensada pelo ex-deputado federal Flávio Dino (PCdoB), atual presidente da Embratur e virtual candidato à sucessão da governadora Roseana Sarney em 2014, a quem quase derrotou na última eleição. No caso de Holanda arrancar a vitória das urnas, Flávio Dino terá aumentado seu cacife para disputar o direito de ocupar o Palácio dos Leões, sede do Executivo maranhense. Porém, se o plano der errado o projeto político de Dino sofrerá um duro golpe.

Para aumentar as especulações na órbita da candidatura de Edivaldo Holanda Júnior, um acordo bisonho com o PDT chama a atenção. Deputado federal eleito em 2010, Holanda licenciou-se da Câmara, sem vencimentos, o que permitiu ao primeiro suplente, Weverton Rocha, do PDT, assumir o mandato por 120 dias, a contar de maio passado. Com esse rapapé de última hora, Holanda conseguiu “atrair” o apoio do PDT à sua candidatura, que será anunciada na manhã de segunda-feira. Esse detalhe deixa evidente a deslealdade que emoldurava o grupo oposicionista que pretendia lançar um candidato de consenso à prefeitura de São Luís. Sem saber se seria o escolhido, Holanda não deveria ter abandonado o mandato de deputado federal, mesmo que temporariamente.

Contudo, essa manobra pode se transformar, mais adiante, em tiro pela culatra, uma vez que o principal articulador foi Carlos Lupi, presidente nacional do PDT e ex-ministro do Trabalho, apeado do cargo debaixo de denúncias de corrupção. E foi exatamente no Maranhão que o calvário de Lupi começou a ser desenhado. Resumindo, Holanda Júnior terá dificuldade para explicar o apoio pedetista

Integrante do grupo oposicionista, a deputada estadual Eliziane Gama (PPS) informou que aguardará a decisão dos diretórios estadual e municipal do partido, mas não causará surpresa se a legenda anunciar apoio à reeleição do prefeito João Castelo (PSDB), cujo índice de desaprovação está na casa dos 70%. Ou seja, o PPS, que integrava o consórcio de oposição, pode apoiar a situação.

O ex-tucano Roberto Rocha, agora no PSB, que também integrava o grupo de oposição, disse que o partido apoiará a candidatura de Edivaldo Holanda Júnior. Com essa decisão, Rocha terá de se explicar com o governador Eduardo Campos, de Pernambuco, presidente nacional do PSB, que patrocinou seu ingresso na sigla.

Essa colcha de retalhos em que se transformou a disputa pela prefeitura de São Luís permite concluir que o PSB local está rachado, pois enquanto Roberto Rocha declara apoio à candidatura de Holanda Júnior, o ex-governador José Reinaldo Tavares, também do PSB e secretário de governo na administração do tucano João Castelo, está no comando do projeto de reeleição do atual prefeito da capital do Maranhão.

Mas, como sempre, o inusitado sempre fica para o capítulo final. José Reinaldo, que já foi vice de Roseana Sarney e transformou-se em arquirrival do clã que há cinco décadas governa o Maranhão com mão de ferro, agora acredita ser um legítimo representante da oposição local. José Reinaldo tem a missão de comandar a investida contra o petista Washington Luiz Oliveira, vice-governador do estado e cuja candidatura à prefeitura de São Luiz conta com as bênçãos e o dinheiro do governo de Roseana. Pior seria descobrir que o comunista Flávio Dino, por algum desaviso qualquer, está trabalhando para fortalecer a candidatura do PSDB.

Ao se fazer um balanço desse enxadrismo político é fácil descobrir que há algo errado nos discursos de campanha que serão despejados sobre os eleitores ludovicenses. Afinal, quem não consegue administrar a capital sonha em alcançar o governo estadual, ao passo que quem governa de maneira vergonhosa o Maranhão pensa ser possível eleger o prefeito de São Luís.