Relator da CPI dos Correios, Osmar Serraglio se irrita com as tentativas do PT de negar o mensalão

No alvo – As insistentes tentativas do PT de desqualificar o mensalão, alegando que o maior escândalo de corrupção da história política brasileira jamais existiu, levaram o relator da CPI dos Correios (2005-2006), deputado federal Osmar Serraglio (PMDB-PR), a se manifestar na quarta-feira, na tribuna da Câmara, enumerando o que chamou de “a dúzia de provas” da participação do ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu (PT-SP), no esquema de cooptação de parlamentares por meio de pagamento regular de mesadas.

Serraglio alegou estar “farto da alegação de que o mensalão é fantasia”. O estopim, de acordo com o parlamentar paranaense, foi um artigo assinado pelo produtor de cinema Luiz Carlos Barreto, publicado pela Folha, sob o título “Por qué no lo matan?”, que faz a defesa do ex-chefe da Casa Civil no governo Lula.

“Certamente me amofina essa cantilena repetida de que o ‘mensalão’ fora uma farsa, como se a investigação não se realizou por parlamentares dos mais diversos matizes político-partidários”, declarou o peemedebista. “Ainda agora assistimos José Dirceu concitando os jovens a se manifestarem diante de sua inocência”, completou.

No momento em que o PT luta para provar que a CPI do Cachoeira não foi criada com o objetivo rasteiro de esvaziar o julgamento do mensalão pelo STF e desqualificar o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, as declarações de Osmar Serraglio interrompem a farsa que tem como timoneiro o ex-presidente Luiz Inácio da Silva, que recentemente se deu mal ao tentar chantagear o ministro Gilmar Mendes.

Além das provas abaixo, é preciso considerar que Silvio Pereira, o Silvinho Land Rover, fez um acordo com o Supremo Tribunal Federal e admitiu a existência do esquema criminoso, sendo que sua eventual condenação foi substituída por prestação de serviços comunitários. Vale lembrar que Silvio Pereira era secretário-geral do Partido dos Trabalhadores.

Osmar Serraglio listou os indícios apurados pela CPI e pelo processo do mensalão, cujo início do julgamento no Supremo Tribunal Federal acontecerá em 1º de agosto:

1) à época em que Dirceu era ministro, “nada ocorria sem o beneplácito do super-ministro, como era chamado na imprensa e nos corredores do poder”;

2) Roberto Jefferson, líder do PTB, “confessa que tratou por mais de dez vezes do mensalão com Dirceu”;

3) o publicitário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza “afirmou que ouviu de Delúbio [Soares, ex-tesoureiro nacional do PT e da campanha presidencial de Lula em 2010], que Dirceu deu ‘aval’ aos empréstimos bancários que alimentaram o mensalão;

4) a mulher de Valério “assentou que Dirceu se reuniu com o presidente do Banco Rural no Hotel Ouro Minas para acertar os empréstimos do banco”;

5) Valério “arrumou emprego para a ex-mulher de Dirceu no [banco] BMG em São Paulo”;

6) um sócio do publicitário se “tornou ‘comprador’ do apartamento da ex-mulher de Dirceu em São Paulo”;

7) Valério “afirma que foi quem ajustou a audiência havida entre os diretores do BMG e o ministro Dirceu”;

8) segundo Valério, “Silvio Pereira [ex-secretário nacional do PT] lhe disse que José Dirceu sabia dos empréstimos junto aos bancos”;

9) a presidente do Banco Rural “declarou que Valério era um ‘facilitador’ das tratativas com o governo” e “disse mais, que ‘Dirceu foi a única pessoa do governo com quem ela falou” sobre o interesse do Rural relativo à aquisição de parte do Banco Mercantil de Pernambuco;

10) o ex-deputado Jefferson “afirmou que, por orientação de Dirceu, houve encontro no Banco Espírito Santo, em Portugal, à busca de R$ 24 milhões”;

11) o ex-tesoureiro do PTB, “Emerson Palmieri relata que todas as tratativas eram ratificadas, ao final, por Dirceu;

12) a ex-secretária de Valério na agência de publicada em Belo Horizonte (MG), Karina Somaggio, “testemunhou que Valério mantinha contatos diretos com José Dirceu”.