Vendas de veículos novos batem recorde em junho, mas montadoras continuam demitindo

Mar de carros – Na carona da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), as vendas de automóveis novos subiram 24,18% em junho, em comparação com o mês anterior, informou nesta terça-feira (3) a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). De acordo a entidade que representa as montadoras, trata-se do melhor mês de junho da história do setor automobilístico. Os resultados são reflexo imediato da redução do IPI, determinado pelo governo federal e que valerá até 31 de agosto.

A disparada das vendas de carros novos tem detalhes importantes a serem considerados. O primeiro deles é que o governo erra enormemente ao criar estímulos a partir de setores convencionais da economia, enquanto o planeta discute soluções para o meio ambiente. O mais lógico nesse caso seria apostar na produção dos produtos chamados sustentáveis, uma vez que a massa de consumo está cada vez mais voltada para esse nicho.

Outro detalhe problemático é a possibilidade real de aumento da inadimplência no financiamento de automóveis, algo que aconteceu a partir de 2009 e tem levado as instituições financeiras à preocupação. Fora isso, a enxurrada de carros novos nas ruas das principais cidades brasileiras só complica o já caótico trânsito, sem que o Estado, como um todo, invista em soluções para o sistema viário e na mobilidade urbana, assuntos que ficam apenas nos discursos.

O quadro em questão não serve para animar os desavisados, pois o aumento das vendas de automóveis serviu para a desova dos estoques das montadoras, que estão com excesso de mão de obra e continuam cortando postos de trabalho e incentivando os planos de demissão voluntária, apenas porque a previsão atual é que a economia brasileira, ao contrário do que anuncia o Palácio do Planalto, deverá registrar avanço pífio em 2012, quiçá não ande de lado.