Assassinato de policial que trabalhou na Monte Carlo relembra a morte do legista do caso Celso Daniel

(Foto: Antônio Cruz - ABr)
Mal contado – A morte do agente da Polícia Federal Wilton Tapajós Macedo, na terça-feira (17), em Brasília, é mais um capítulo estranho para conturbar o escândalo Cachoeira. Morto quando visitava o túmulo dos pais em um cemitério do Distrito Federal, Macedo participou das investigações da Operação Monte Carlo, que culminaram com a prisão do contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos, em 29 de fevereiro passado.

Ministro da Justiça, o petista José Eduardo Martins Cardozo disse que pediu à PF rigor na investigação para apurar o assassinato, ao mesmo tempo em que afirmou ser prematuro fazer qualquer relação do episódio com o caso de Carlinhos Cachoeira. “É muito cedo para fazer qualquer afirmação diante desse caso. A Polícia Federal está investigando esse caso, apurando as causas, as circunstâncias em que se deu a morte. Toda a equipe de peritos necessária está fazendo as investigações, portanto nesse momento é precipitado tirar qualquer conclusão em relação a esses fatos”, declarou o ministro.

Considerando que a CPI do Cachoeira tem como foco único complicar a vida política do governador Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, pois essa foi a determinação do ex-presidente Luiz Inácio da Silva, toda hipótese deve ser considerada para desvendar o crime.

O primeiro fato importante é que Wilton Tapajós Macedo sabia além do que muitos ocupantes do poder gostariam que soubesse. Dados das investigações, ainda não revelados, apontam o envolvimento de importantes figuras da República com o contraventor, começando por assessores que trabalharam na campanha presidencial de 2010. É nesse exato ponto que deve estar camuflada a razão para o assassinato de Macedo, que também atuou em operações contra tráfico de entorpecentes e pedofilia.

Voltando no tempo

Quando uma pessoa sabe demais, os regimes totalitaristas normalmente tratam de eliminá-la, quase sempre sem deixar rastros. Assim foi no caso da morte de Carlos Delmonte Printes, médico-legista do caso Celso Daniel. Sem explicações convincentes para o crime, Delmonte foi encontrado morto em seu escritório, na Zona Sul da capital paulista, na tarde de 12 de outubro de 2005. Carlos Delmonte Printes foi a sétima pessoa, com algum envolvimento com o caso do ex-prefeito de Santo André, que morreu.

A obsessão dos envolvidos no caso em relação à eliminação de provas e testemunhas era tamanha, que um emissário de destacado integrante do governo federal, à época, cometeu a ousadia de anunciar a morte de outra testemunha, o editor do ucho.info, a um membro do Judiciário, que acabou acionando a polícia. A decisão de investigar a ameaça e seus tentáculos custou ao magistrado seu afastamento do cargo, na esteira de uma armação sem precedentes.