Estados Unidos executam preso com atraso mental

Pena capital – Antes de receber o coquetel de drogas letais na penitenciária de Huntsville, no Texas, Marvin Wilson sorriu para a família e, erguendo o tronco, acenou para as três irmãs e o filho, enquanto eles assistiam seus últimos minutos por meio de uma janela.

Ele disse várias vezes que os amava e pediu para que dessem um “abraço apertado” em sua mãe. Implorou ao filho para que não chorasse. “Todos vocês entendem que entrei aqui como um pecador e sairei como um santo”, disse. “Me leve para casa, Jesus, me leve para casa Senhor, me leve para casa Senhor”, foram as últimas palavras de Wilson.

Na noite desta terça-feira (07/08), às 18h27, o Estado do Texas matou um homem com atraso mental, dono de um QI 64, pelo assassinato de um informante policial de 21 anos em novembro de 1992. Wilson foi sentenciado à morte em abril de 1994. Apesar de uma decisão de 2002, no chamado caso Atkins vs. Virginia, que proibiu a aplicação da pena de morte contra pessoas nessas condições, o prisioneiro recebeu a injeção letal.

Assim que o baixo QI de Wilson foi registrado em 1994, Paul Campos, professor da Escola de Direito da Universidade do Colorado, concluiu que, do ponto de vista mental, Wilson era “uma criança”. O advogado de Wilson, Lee B. Kovarsky, questionou a Suprema Corte em seu recurso de apelação, negado nesta segunda-feira, questionando “se o Texas pode escapar da resolução do caso Atkins” e se “as cortes federais devem respeitá-la”.

Associações de defesa dos direitos humanos protestaram contra a decisão do estado do Texas. A ONG Anistia Internacional enviou uma moção ao governador republicano Rick Perry intitulada “Ação Urgente” pedindo a reversão da pena. Perry coleciona um número recorde de execuções de presos. No último dia 18 de julho, outro detento texano, também diagnosticado como doente mental, acabou executado apesar de diversos pedidos de proteção.

O Texas é o Estado norte-americano com o maior número de execuções do mundo, um total de 483 desde que foi restabelecida a pena de morte nos EUA, há mais de três décadas. Desde então, já foram executadas 1.301 pessoas nos EUA, de acordo com a organização não-governamental Death Penalty Center. Atualmente, 33 dos 50 Estados norte-americanos aplicam a pena de morte. (Do Opera Mundi)