Marcado para maio de 2013, leilão do trem-bala mostra a despreocupação do governo com o desenvolvimento

Passo de tartaruga – Se o programa de concessões anunciado pela presidente Dilma Rousseff na última semana seguir com a mesma velocidade do trem-bala brasileiro, o País continuará parado por muito tempo. O que contraria as afirmações dos palacianos que engrossam a claque da presidente.

Nesta quinta-feira (23), a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) divulgou a minuta do edital para o leilão de construção e concessão do primeiro trem de alta velocidade brasileiro. O documento prevê que as empresas interessadas em participar do processo licitatório devem entregar as respectivas propostas até o dia 30 de abril de 2013. O leilão, por sua vez, ocorrerá no dia 29 de maio do próximo ano.

Quando ainda estava na Presidência, o petista Luiz Inácio da Silva anunciou com o conhecido alarde que o trem-bala estaria pronto para a Copa do Mundo de 2014. Mentira até certo ponto justificável, pois os brasileiros à época estavam tomados por ufanismo sem precedentes e desconheciam a dura realidade do País.

Com o desinteresse por parte dos investidores, que se acanharam diante das dificuldades burocráticas do projeto, coube ao Palácio do Planalto arrumar o discurso presidencial e garantir que o trem-bala, que ligará as cidades de São Paulo, Campinas e Rio de Janeiro e consumirá R$ 33 bilhões, estaria pronto para os Jogos Olímpicos de 2016, que acontecerão na capital fluminense. Como é fácil perceber, com base no anúncio da ANTT, o trem-bala possivelmente ficará pronto em 2020, correndo o risco de até lá se tornar obsoleto.

O referido leilão terá dois capítulos. Um para escolher a empresa fornecedora da tecnologia do veículo e que operará a linha, outro que definirá as empresas responsáveis pela construção da infraestrutura para a passagem do trem (trilhos, estações, etc.).

Logo após o lançamento do PAC das Concessões, o editor do ucho.info conversou com representantes de investidores estrangeiros que têm interesse em projetos de infraestrutura. A desconfiança quase generalizada está no prazo de maturação dos projetos e os entraves burocráticos. E o arrastado projeto do trem-bala foi usado como exemplo para explicar o medo dos investidores.

Dinheiro para esse tipo de investimento há de sobra no mercado, mas é preciso que o Estado deixe de lado a própria burrice. Do contrário, o Brasil continuará patinando.