Multa aplicada à dona do avião que interditou Viracopos foi a saída encontrada para salvar o governo

Vergonha nacional – Em 29 de setembro de 2006, quando um Boeing da Gol despencou sobre a Serra do Cachimbo, em Mato Grosso, matando 154 pessoas, o governo do então presidente Luiz Inácio da Silva agiu com celeridade para que a tragédia não caísse sobre a campanha do petista, que à época disputava a reeleição.

O acidente aconteceu dois dias antes do primeiro turno da eleição presidencial, o que impediu que fosse discutida a responsabilidade do governo federal. Para escapar da culpa, até porque os controladores de voo estavam sobrecarregados, o governo Lula fez o que pode para incriminar os pilotos do jato Legacy, cujos pilotos e ocupantes saíram ilesos do acidente.

A exemplo do que ocorreu no caso do Boeing da Gol, a Anac, pressionada pelo governo, decidiu multar a empresa norte-americana Centurion Cargo, dona do MD-11 que teve um problema no trem de pouso ao aterrissar no aeroporto de Viracopos, em Campinas. O seguindo maior terminal de carga aérea do País ficou fechado durante 45 horas e mais de 500 voos foram cancelados, até que as autoridades aeroportuárias conseguissem um equipamento para remover a aeronave acidentada.

Os integrantes da equipe da presidente Dilma Rousseff sabem do erro grotesco da Infraero, mas para que o acidente em Viracopos não repercutisse em muitas campanhas municipais, a saída foi multar a Centurion em R$ 2,8 milhões. Trata-se de mais um absurdo oficial, pois é impossível saber quando uma aeronave terá problemas técnicos. Cabe à administração do aeroporto cuidar da remoção de aviões acidentados, pois na há na aviação comercial quem provoque um acidente propositadamente.

Em um país minimamente sério, o servidor responsável pela administração do aeroporto já teria sido demitido a bem do serviço público. Como o Brasil não se encaixa nessa modalidade de nação séria, a culpa ficará para a empresa dona da aeronave.